Em meio às entidades do panteão yorubano, Obá surge como a orixá mais retinta e mais bela, tendo regido a Elekô, uma sociedade restrita a mulheres guerreiras, unidas pela preservação das suas tradições e da terra. Mas em sua trajetória, essa divindade africana foi enganada, perseguida, cativada, violada e abandonada. Por causa disso, aprendeu a manejar armas, liderou, ensinou, lutou e venceu guerras e amou de forma pura e visceral – ainda assim, por ser mulher, teve suas conquistas pouco reverenciadas e sua história quase apagada. Inspirado nessa narrativa, foi construído o Manifesto Elekô, que a CAIXA Cultural Recife apresenta entre os dias 18 e 20 de dezembro, com acessibilidade em libras no dia 19, sempre às 20h, com entrada gratuita.
O espetáculo parte do mito dá orixá Obá para mostrar de maneira poética a luta constante das mulheres negras contemporâneas. O formato e a temática inéditos ganham vida pela Cia de Dança Clanm (Companhia Laboratório de Arte Negra em Movimento), que conduz o público por uma jornada ancestral emocionante. No palco, a atuação de sete bailarinas e seis músicos, que envolvem e proporcionam conexões profundas, mesclando cantigas yorubas e bantus realçadas pela execução ao vivo dos instrumentos de percussão, teclado, violino e violoncelo.
O acesso a essa celebração da cultura, música, voz e da força das mulheres negras é gratuito e deve ser solicitado no site da CAIXA Cultural Recife.
Histórico
A Cia Clanm de Dança foi fundada em 2012 e, desde então, já se apresentou em diversos festivais no Brasil e no exterior, acumulando reconhecimento e premiações diversas. O responsável pelo grupo é Fábio Batista, um dos mais renomados professores de dança afro e coreógrafos do País. Já teve seu trabalho em performances no Rock in Rio e na comissão de frente de diversas escolas de samba e da Cia Folclórica Junina. Atualmente, ele é diretor artístico da Estação Primeira de Mangueira (RJ) para os enredos de 2023 e 2014.