
Nos últimos tempos, uma palavra tem ganhado cada vez mais força dentro das escolas: recomposição. Mas, afinal, o que ela realmente significa para nós, educadores e educadoras que estamos no dia a dia da sala de aula, no chão da escola, lidando com realidades tão diversas?
Recompor aprendizagens vai muito além de “dar aquele conteúdo que ficou para trás”. Trata-se de um movimento profundo de escuta, sensibilidade e planejamento. É reconhecer que, por motivos que vão desde a pandemia até questões sociais mais amplas, muitos estudantes não conseguiram aprender o que era esperado nos anos anteriores — e tudo bem reconhecer isso. O mais importante é o que fazemos a partir dessa constatação.
Nesse processo, o papel do educador é ainda mais essencial. Somos nós que, com olhar atento, conseguimos perceber quando um aluno ainda não domina a leitura, quando tem dificuldades com operações básicas, quando carrega inseguranças que travam seu aprendizado. E é a partir desse diagnóstico que conseguimos planejar estratégias que acolham, desafiem e façam sentido para cada turma.
Mais do que nunca, precisamos de metodologias ativas, projetos integradores, rotinas de monitoramento e, sobretudo, tempo pedagógico planejado com intencionalidade. Não se trata de acelerar conteúdos, mas de garantir que ninguém fique para trás.
Recompor é um ato de coragem, de humildade e de compromisso com o direito de aprender. E é também uma oportunidade: ao olhar para essas lacunas com seriedade, podemos fortalecer a escola pública, tornar o ensino mais justo e garantir trajetórias escolares mais sólidas.
O desafio é grande, mas a missão que temos nas mãos é ainda maior. E se tem uma certeza que nos move, é esta: nenhum esforço é em vão quando o propósito é transformar vidas por meio da educação.
Janaína Bezerra
Professora
Analista em Gestão
Gerente de Ensino