
A ansiedade é um sentimento humano tão antigo quanto a própria história da vida em sociedade. Nasceu do instinto de sobrevivência, quando nossos ancestrais precisavam estar em estado de alerta para se defender de perigos reais. Esse mecanismo natural, que um dia foi essencial para escapar de predadores ou enfrentar situações de risco, permanece conosco até hoje, mas transformado: já não se volta a ameaças externas de vida ou morte, e sim às pressões, às expectativas e aos medos que construímos dentro de nós mesmos.
As causas da ansiedade são múltiplas. Ela pode surgir de experiências traumáticas, de cobranças internas e externas, de um mundo que exige resultados imediatos e da dificuldade de lidar com a incerteza. É fruto de pensamentos que projetam o futuro como ameaça e de memórias que insistem em repetir dores do passado. Essa mistura se traduz em inquietação, aceleração do corpo e da mente, noites mal dormidas, medos difusos e uma sensação constante de estar em dívida com algo que nem sabemos ao certo o que é.
Seus desdobramentos são profundos. A ansiedade mina a paz, rouba a atenção do presente e nos lança para um tempo que ainda não existe, mas que já oprime como se fosse real. Enfraquece as relações humanas, corrói a confiança e, quando não cuidada, pode adoecer o corpo e a alma. Torna a vida um campo de batalha permanente entre aquilo que desejamos controlar e aquilo que, por natureza, sempre escapará ao nosso controle.
Mas, afinal, é possível escapar dela? Sim. O caminho está em ressignificar o olhar. A ansiedade diminui quando nos permitimos viver o agora, aceitando a imperfeição dos dias. Meditação, oração, exercícios físicos, a prática da respiração consciente e até a simplicidade de contemplar a natureza são recursos eficazes para apaziguar o coração. Também é fundamental cultivar o diálogo — seja com amigos, familiares ou profissionais —, pois compartilhar os pesos internos é abrir espaço para que se tornem mais leves. Acima de tudo, o antídoto da ansiedade está em aprender a confiar: confiar em si, na vida e no tempo.
Quando entendemos que o futuro não se constrói com medo, mas com passos firmes dados no presente, a ansiedade perde sua força. O amanhã sempre virá, mas o hoje é o único lugar onde a vida acontece. E é nele que a serenidade nos espera.
Jairo Lima
Escritor, poeta e artista plástico