
Por Uanderson Melo
O clima no Palácio do Campo das Princesas é de evidente apreensão. A governadora Raquel Lyra e seus operadores políticos da Casa Civil correm contra o tempo numa tentativa de recompor alianças e recuperar terreno perdido desde o início do governo. O problema é que, nessa pressa, as fissuras internas começam a se tornar rachaduras visíveis no delicado tabuleiro político estadual.
Entre os episódios mais comentados nos bastidores, está a insatisfação dos irmãos Oliveira, que não engoliram a movimentação articulada pela Casa Civil — vista como prejudicial aos planos eleitorais de Waldemar Oliveira. A manobra deixou marcas, desgastes e um sentimento de desconfiança que se espalha entre aliados.
A tentativa de Raquel de reorganizar sua base política tem soado mais como reação do que estratégia. Faltam sincronia e liderança num projeto que parece não ter encontrado ainda o ponto de equilíbrio entre governar e articular. O tempo político está passando, e a engrenagem que move o governo dá sinais claros de oxidação e corrosão, resultado da falta de sintonia entre discurso e ação.
Enquanto isso, em outro tabuleiro, João Campos observa tudo de camarote. O prefeito do Recife, com movimentos calculados e conversas discretas, monta sua rede de alianças dentro e fora do jogo oficial, acumulando força e posicionando suas peças para o próximo embate eleitoral.
Se no Palácio o clima é de urgência e desgaste, na Prefeitura o que se vê é planejamento e serenidade estratégica. João se fortalece à medida que o governo estadual se perde em seus próprios ruídos. E, como em todo bom jogo de xadrez político, quem se desespera primeiro costuma perder as peças mais valiosas.