
Enquanto o Palácio do Campo das Princesas se perde em crises internas, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), tem demonstrado que sabe jogar o xadrez político com frieza e estratégia. No tabuleiro pernambucano, ele não apenas move suas peças, ele antecipa as jogadas dos adversários e observa, de camarote, o descompasso do governo estadual.
O jovem socialista tem usado o tempo a seu favor. Em silêncio, consolida alianças, fortalece pontes e conquista espaços que antes pareciam intocáveis. Enquanto a governadora Raquel Lyra (PSD) tenta se equilibrar entre desgaste administrativo e perda de aliados, João atua de forma planejada, conversando com lideranças regionais, prefeitos e parlamentares que começam a enxergar nele uma alternativa viável e articulada para o futuro político de Pernambuco.
A máquina do Estado, que deveria ser um trunfo da governadora, tornou-se seu calcanhar de Aquiles. Falta diálogo, sobra improviso. A política, quando é conduzida à base da pressa e da disputa interna, cobra um preço alto, e esse preço está sendo pago pela própria Raquel, que vê seu grupo político perder coesão e credibilidade. A cada gesto precipitado do governo, João Campos ganha terreno.
Enquanto a gestão estadual patina, o prefeito do Recife aposta em resultados concretos. Obras, programas sociais, inovação e presença constante nos municípios da Região Metropolitana vêm reforçando a imagem de um gestor moderno, pragmático e conectado com as demandas reais da população. O contraste é evidente, e tem sido notado até por aliados da própria Raquel, que começam a enxergar no prefeito um nome com densidade política crescente.
Aos poucos, João constrói um projeto de liderança estadual, sem alarde, mas com passos firmes. E o que mais incomoda seus adversários é que ele faz isso com naturalidade, sem precisar atacar, basta deixar que os erros dos outros se encarreguem de pavimentar seu caminho.
O que se desenha nos bastidores é um cenário de virada política. Enquanto a governadora ainda tenta justificar suas escolhas e conter desgastes, João Campos vai montando uma rede de apoios dentro e fora da capital. Ele entende que o poder não se consolida apenas com votos, mas com confiança, estratégia e capacidade de articulação. E nisso, hoje, ele está vários lances à frente.
Em Pernambuco, o relógio político corre rápido. E se o governo estadual não ajustar o compasso, corre o risco de assistir de longe ao crescimento silencioso de um projeto que já ultrapassa as fronteiras do Recife.
No fim das contas, João Campos não está apenas administrando uma cidade. Está construindo, peça por peça, o seu próprio império político.



