
O tema do ENEM da semana passada trouxe à tona uma reflexão essencial: o envelhecimento. Muito além de um processo biológico, envelhecer é uma experiência humana profunda, carregada de significados, histórias e aprendizados. Em uma sociedade que muitas vezes valoriza a juventude como sinônimo de beleza e produtividade, é urgente resgatar o olhar positivo sobre a velhice como fase de plenitude, sabedoria e continuidade da vida.
Em diversas partes do mundo, o envelhecimento é visto com respeito e admiração. No Japão, por exemplo, há o “Keiro no Hi”, o Dia do Respeito aos Idosos, quando o país inteiro celebra a sabedoria e a contribuição das pessoas mais velhas para a comunidade. Na Itália, os avós têm papel central nas famílias e são considerados pilares emocionais e culturais. Já em países nórdicos como a Suécia e a Dinamarca, o envelhecimento é acompanhado por políticas públicas exemplares que garantem qualidade de vida, autonomia e inserção social. Esses países mostram que é possível envelhecer com dignidade quando a sociedade valoriza o tempo vivido como parte de sua própria riqueza humana.
Ter uma velhice tranquila, tanto na saúde física quanto mental, é resultado de atitudes diárias e escolhas conscientes ao longo da vida. Cuidar do corpo é fundamental: praticar exercícios físicos, manter uma alimentação equilibrada, evitar excessos e realizar exames de rotina são formas de garantir vitalidade e prevenir doenças. No entanto, tão importante quanto o corpo é a mente. Cultivar pensamentos positivos, aprender coisas novas, exercitar a memória e buscar momentos de lazer e convivência são atitudes que preservam a saúde emocional e fortalecem o espírito.
Outro aspecto essencial é o convívio social. A solidão é uma das grandes vilãs da velhice, e manter laços afetivos ajuda a prolongar a vida e melhorar a qualidade dela. Conversar, rir, compartilhar experiências e participar de atividades comunitárias são remédios naturais contra o isolamento. Além disso, o cultivo da espiritualidade — seja através da fé, da arte ou da reflexão — traz serenidade e sentido à existência.
Para quem ainda está no processo de envelhecimento, as dicas são simples, mas poderosas. Durma bem, mantenha-se curioso, pratique a empatia, cuide da autoestima e da aparência com naturalidade, sem buscar a juventude eterna, mas sim o equilíbrio e a harmonia. Planeje o futuro com serenidade, organize-se financeiramente e, acima de tudo, mantenha o coração aberto para as transformações que o tempo traz. Cada fase da vida tem sua beleza, e envelhecer é a mais nobre delas, pois revela o que realmente importa: a sabedoria conquistada, o amor vivido e a paz interior.
Envelhecer é, portanto, um ato de coragem e gratidão. É o reconhecimento de que a vida não se mede apenas em anos, mas em experiências e afetos. O tempo, quando bem vivido, não envelhece — amadurece. Que possamos aprender com as culturas que honram seus idosos e compreender que cada ruga é um traço da história que nos fez chegar até aqui. Afinal, envelhecer não é perder a juventude, é ganhar vida.
Jairo Lima é artista plástico, poeta e escritor




