
É com grande preocupação que observamos o aumento da desconfiança da sociedade em relação às instituições públicas. Essa crise de credibilidade não é apenas um reflexo da polarização política, mas também da percepção de que a gestão pública muitas vezes não entrega o que promete. Precisamos mudar isso, e acredito que há caminhos claros para reconstruir essa ponte entre governo e sociedade.
Primeiramente, é imprescindível que assumamos um compromisso inegociável com a transparência. Não basta divulgar dados de maneira burocrática; é preciso torná-los acessíveis e compreensíveis para a população. Imagine uma plataforma digital onde cada cidadão possa acompanhar, em tempo real, como estão sendo investidos os recursos públicos, com explicações claras e exemplos práticos. Isso não apenas inibiria a corrupção, mas também demonstraria respeito pelo dinheiro que vem do contribuinte.
Outro ponto essencial é a aproximação entre gestores públicos e sociedade. Políticas públicas que nascem em gabinetes, sem a participação ativa da população, estão fadadas ao fracasso. Precisamos criar espaços de diálogo efetivo, como audiências públicas, consultas populares e orçamento participativo. Quando o cidadão sente que tem voz nas decisões, ele se torna um parceiro da gestão, e não apenas um crítico.
Além disso, é fundamental investir na capacitação técnica e ética dos servidores públicos. A boa gestão não é apenas uma questão de intenções, mas de competência. Precisamos de equipes preparadas, que saibam planejar, executar e avaliar políticas públicas com base em evidências. Para isso, é necessário valorizar o funcionalismo público, oferecendo condições de trabalho dignas e reconhecimento por resultados alcançados.
A tecnologia também desempenha um papel crucial nesse processo. Não há mais espaço para uma gestão analógica em um mundo digital. Ferramentas como big data e inteligência artificial podem otimizar a entrega de serviços públicos e identificar gargalos com mais rapidez. Por exemplo, um sistema integrado de saúde que monitore a demanda por consultas e exames em tempo real pode reduzir filas e aumentar a satisfação dos usuários.
Por fim, mas não menos importante, é preciso resgatar a ética como pilar central da gestão pública. Não há confiança sem integridade. Os gestores precisam ser exemplos de moralidade e comprometimento com o bem comum. Isso significa adotar uma postura de respeito ao cidadão, priorizando sempre o interesse coletivo acima de quaisquer vantagens pessoais ou partidárias.
O desafio é grande, mas não é impossível. Cada medida que implementarmos com seriedade e dedicação nos aproximará de uma gestão pública que inspire confiança e orgulho. Mais do que políticas, precisamos de atitudes que demonstrem aos cidadãos que eles são, de fato, a razão de ser do serviço público. Esse é o meu compromisso e o caminho que acredito ser o mais eficaz para transformar a crise de confiança em um novo tempo de esperança.
Jairo Lima é membro da Academia Cabense de Letras, artista plástico e pós-graduado em gestão pública