
Desde o início de sua gestão, a governadora Raquel Lyra (PSDB) enfrenta desafios significativos na Secretaria de Educação de Pernambuco, uma das áreas mais sensíveis e estratégicas para o desenvolvimento do estado. Em pouco mais de dois anos, já passaram pela pasta dois secretários: Ivaneide Dantas, que deixou o cargo em julho de 2024, e Alexandre Schneider, cuja saída recente reacendeu o debate sobre a falta de consistência e rumo na condução da política educacional do governo estadual.
Os problemas começaram cedo. Sob a liderança de Ivaneide Dantas, a Secretaria de Educação enfrentou críticas quanto à falta de diálogo com a rede de ensino, especialmente professores e gestores escolares, que se queixavam de decisões unilaterais e de uma política educacional desconectada das realidades das escolas públicas. Além disso, a implementação tardia de programas de formação continuada para docentes gerou insatisfação e impacto direto na qualidade do ensino.
A chegada de Alexandre Schneider trouxe a promessa de uma gestão mais técnica e voltada para resultados, mas essa expectativa logo deu lugar a novas frustrações. Durante sua curta permanência no cargo, Schneider foi alvo de críticas pela incapacidade de conduzir de forma eficaz a execução orçamentária da pasta, resultando em atrasos em projetos essenciais, como a ampliação do ensino integral e a melhoria da infraestrutura escolar. A falta de diálogo com os sindicatos e representantes estudantis também marcou sua passagem, aprofundando o desgaste entre a gestão estadual e os atores envolvidos na educação.
Nesse período, o governo de Raquel Lyra viu problemas estruturais se acumularem: escolas em situação precária, alunos sem acesso adequado a materiais didáticos e falhas em programas de transporte escolar, que deixaram milhares de estudantes vulneráveis sem meios para frequentar as aulas. A ausência de um planejamento estratégico claro e a constante troca de lideranças na pasta apontam para uma gestão desarticulada e sem prioridades definidas para a educação.
Enquanto isso, os indicadores educacionais do estado seguem estagnados, colocando Pernambuco em uma posição desconfortável em relação a outros estados do Nordeste. A governadora, que durante a campanha prometeu tratar a educação como prioridade, parece ainda buscar um norte para uma área que deveria ser central em sua gestão.
O constante entra e sai de secretários e a falta de ações consistentes para enfrentar os desafios da educação pública deixam um alerta claro: a gestão Raquel Lyra precisa urgentemente rever suas escolhas e estratégias, sob o risco de comprometer ainda mais o futuro de uma geração de pernambucanos.
A sociedade, que confiou seu voto na promessa de mudança, espera ações concretas e não improvisos. Afinal, em educação, cada erro tem consequências duradouras e profundas.
Por: Uanderson Melo, radialista, jornalista e teólogo.