
A cultura é a base sobre a qual uma sociedade constrói sua identidade. Ela é o espelho que reflete a história, os valores e as aspirações de um povo. Em tempos desafiadores, a arte e a cultura se mostram ainda mais essenciais, não apenas como um alicerce da memória coletiva, mas como ferramentas poderosas para a formação das novas gerações. Elas mitigam a violência, combatem a ociosidade e promovem a autoestima ao proporcionar espaço para a expressão e o pertencimento.
No entanto, é fundamental ressaltar o verdadeiro papel da arte e da cultura. Elas devem ser acessíveis a todos, não apenas às classes privilegiadas que transitam por corredores de palácios. A cultura não pode ser tratada como um luxo distante, reservado para quem pode pagar ingressos caros após já ter contribuído com impostos que deveriam garantir o acesso a produções artísticas de qualidade.
Vivemos em um país onde a cultura de massa, empobrecida e muitas vezes desprovida de valor educativo, é oferecida à população como o único alimento cultural. Esse cenário perpetua desigualdades, deixando o povo à margem da verdadeira arte, aquela que eleva, questiona e educa. É preciso mudar essa realidade e incentivar uma cultura que dialogue diretamente com o povo, que o envolva e o inspire, sem ser vista como algo distante ou inalcançável.
Quando a arte chega às periferias, aos bairros mais afastados, e dialoga com as comunidades, ela se torna uma poderosa ferramenta de transformação social. Projetos culturais voltados para o povo têm um impacto profundo: oferecem novas perspectivas de vida, desviam os jovens de caminhos de violência e ociosidade, e valorizam a autoestima de quem muitas vezes se sente esquecido pela sociedade. A cultura e a arte não apenas divertem; elas formam cidadãos críticos e conscientes.
Por isso, precisamos lutar para que as políticas culturais no Brasil sejam voltadas para a inclusão, e não para a exclusão. Que as portas dos teatros, museus e espaços culturais estejam abertas para todos, e que o financiamento público não sirva apenas para manter um sistema elitista, mas para democratizar o acesso à arte em sua forma mais sublime e educativa.
A verdadeira cultura não é aquela que está trancafiada nas torres de marfim. Ela pulsa nas ruas, nas praças, nas manifestações populares. O artista deve ter o compromisso de criar para o povo, porque é para ele que a arte faz sentido. Precisamos de políticas culturais que reconheçam essa verdade e que valorizem a arte como instrumento de transformação social e formação de cidadãos.
Jairo Lima é pós-graduado em gestão pública, membro da Academia Cabense de Letras e artista plástico