Como era previsível, as emendas apresentadas pelos deputados Dani Portela (PSOL), Delegada Gleide Ângelo (PSB) e pelo deputado Waldemar Borges (PSB) à Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025 foram rejeitadas em plenário na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) . O resultado confirma, mais uma vez, a força da bancada governamental e a centralidade dos interesses do Palácio do Campo das Princesas no processo legislativo estadual.
O episódio já foi desenhado na semana passada, quando as propostas foram derrubadas pela Comissão de Finanças, Orçamento e Tributação, dominada pelos aliados da governadora Raquel Lyra (PSDB). No entanto, com esforço político, os parlamentares oposicionistas conseguiram reunir as assinaturas permitidas para levar a discussão ao plenário. Lá, enfrentaram uma derrota ainda mais simbólica: deputados do próprio PSB e até do PT, partido tradicionalmente crítico ao PSDB, votaram contra as emendas.
As propostas buscavam redistribuir recursos orçamentários para áreas sensíveis, como segurança pública, direitos das mulheres e o fortalecimento de órgãos estaduais importantes, como o IPA, a Adagro e a Apac. Apesar da relevância das pautas, prevaleceu uma lógica de alinhamento com o governo, deixando evidente que, em questões relacionadas à administração estadual, a coesão governamental supera divergências ideológicas ou partidárias.
Embora o ambiente em Alepe seja descrito como harmonioso entre os parlamentares, episódios como este revelam as limitações dessa convivência cordial. Na prática, a lealdade ao governo costuma falar mais alto do que a sensibilidade a temas relevantes para a população. Para a oposição, o resultado é um alerta: o caminho para aprovar pautas que desafiem as prioridades do Executivo será sempre árduo e exigirá mobilização constante.
A votação desta segunda-feira (25) reforça um aspecto estrutural da política pernambucana: a força do Palácio em moldar o debate legislativo. Enquanto os interesses do governo central são tão dominantes, as discussões orçamentárias seguirão como um reflexo da perspectiva das forças dentro de Alepe, com pouco espaço para mudanças que não contem com o aval direto do Executivo.
Para os deputados derrotados, fica a lição de que o debate não se encerra no plenário. Construir narrativas que sensibilizem a sociedade sobre a importância de pautas como as rejeitadas na LOA 2025 será fundamental para que, no futuro, a pressão popular amplie as possibilidades de diálogo e negociação. Afinal, é a população que mais perde quando os interesses partidários e de governo se sobrepõem às necessidades reais do estado.