
Com o cenário eleitoral de 2026 se desenhando e a inelegibilidade de Jair Bolsonaro sacramentada até 2030, novas peças começam a se movimentar no tabuleiro político brasileiro. Três governadores de peso, Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), Romeu Zema (Novo-MG) e Ratinho Junior (PSD-PR) estão consolidando uma aliança que pode ser o embrião de uma nova terceira via, esta com DNA de centro-direita, liberal na economia e conservadora nos costumes.
A movimentação do trio não é improvisada. Há meses, Caiado vem ensaiando uma pré-candidatura presidencial e agora escancara a articulação, defendendo a construção de um bloco que una lideranças regionais fortes para enfrentar o PT e a esquerda. A fala do goiano é clara: o momento exige união e pragmatismo. Ele, Zema e Ratinho Jr. sabem que, sozinhos, nenhum deles teria força suficiente para polarizar o debate nacional. Juntos, no entanto, podem ser uma novidade robusta na disputa presidencial.
O critério é pragmático: somar forças sem carregar os desgastes do bolsonarismo puro. Nenhum dos três faz acenos públicos a Bolsonaro. Pelo contrário: mantêm distância respeitosa, mas firme, deixando claro que querem se apresentar como a direita que trabalha, governa e entrega resultados, sem a guerra permanente que marcou o governo passado.
Romeu Zema já acenou que pode ser vice em uma chapa encabeçada por Caiado, reconhecendo o capital político que o governador goiano acumulou. Ratinho Jr., por sua vez, atua nos bastidores para alinhar seu projeto estadual ao nacional, ciente de que pode ganhar protagonismo como voz moderada da nova direita.
Mas os desafios são grandes. Para transformar essa união em força eleitoral, será necessário mais que discursos. O bloco terá que apresentar propostas viáveis para a economia, segurança pública e educação, três áreas que hoje preocupam intensamente o eleitorado. E ainda precisará lidar com o eleitor bolsonarista, que é volumoso e, até agora, não encontrou um novo nome em quem depositar suas esperanças.
Por enquanto, Caiado, Zema e Ratinho Jr. vendem a ideia de uma direita sem os excessos do passado e sem os radicalismos da esquerda. Um caminho do meio, sem ser morno: combativo na defesa de valores tradicionais, mas firme no compromisso com responsabilidade fiscal, reformas e modernização do Estado.
Em 2026, o eleitor poderá ter uma nova alternativa. E essa alternativa começa a ser costurada agora, longe dos holofotes, mas cada vez mais visível a quem acompanha os bastidores de Brasília.
O Brasil poderá ver nascer uma nova direita e, se depender de Caiado, Zema e Ratinho Jr, será uma direita com proposta, gestão e futuro.
Por: Uanderson Melo, jornalista, radialista e teólogo