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A violência no futebol brasileiro, infelizmente, é um problema recorrente que se arrasta por décadas, com graves consequências para a sociedade. Os casos de agressão e vandalismo, que ocorrem tanto dentro quanto fora dos estádios, representam um desafio para a gestão pública, que busca soluções eficazes para garantir a segurança dos torcedores e a integridade do esporte.
Na última década, diversos episódios de violência no futebol brasileiro chocaram o país e evidenciaram a complexidade do problema. Em 2014, a briga generalizada entre torcedores do Atlético Paranaense e Vasco, na Arena Joinville, resultou em quatro pessoas gravemente feridas e expôs a fragilidade dos mecanismos de controle nos estádios.
Outros casos marcantes incluem os confrontos entre torcidas organizadas de Palmeiras e Corinthians, em São Paulo (2015), que deixaram um morto e vários feridos; a violência na final da Copa do Brasil de 2016, entre Grêmio e Atlético Mineiro; e a briga entre torcedores de Flamengo e Corinthians, no Rio de Janeiro (2018), que resultou na morte de um torcedor do Flamengo.
O caso recente em Recife
O caso mais recente de violência no futebol brasileiro ocorreu na semana passada, no Recife, antes do clássico entre Santa Cruz e Sport. Confrontos entre torcedores dos dois times resultaram em cenas de barbárie, com uma pessoa sendo brutalmente espancada e estuprada. A repercussão do caso levou a Justiça de Pernambuco a banir as torcidas organizadas de ambos os clubes dos estádios por cinco jogos.
Diante desse cenário, a gestão pública tem um papel fundamental a desempenhar no combate à violência no futebol. É preciso implementar medidas eficazes que vão além da repressão policial e que abordem as causas do problema de forma abrangente.
Entre as ações que podem ser tomadas, destacam-se:
* Fortalecimento dos mecanismos de controle nos estádios: É fundamental investir em tecnologias como reconhecimento facial e câmeras de segurança, além de aumentar o efetivo policial nos dias de jogos.
* Endurecimento das penas para torcedores violentos: A legislação precisa ser mais rigorosa com aqueles que se envolvem em atos de violência, com penas que realmente dissuadam a reincidência.
* Combate às torcidas organizadas: Muitas vezes, as torcidas organizadas são palco de ações violentas e criminosas. É preciso investigar e punir os responsáveis por esses atos, além de monitorar de perto as atividades dessas torcidas.
* Investimento em educação e cultura de paz: É preciso trabalhar a conscientização dos torcedores, mostrando que a violência não faz parte do futebol e que o esporte deve ser um momento de lazer e união.
* Diálogo com os clubes e federações: A gestão pública precisa estabelecer um diálogo constante com os clubes e federações, buscando soluções conjuntas para o problema da violência no futebol.
A violência no futebol brasileiro é um problema complexo que exige um esforço conjunto da sociedade para ser superado. A gestão pública, os clubes, os jogadores, os torcedores e a imprensa têm um papel a desempenhar nessa luta. É preciso construir uma cultura de paz no futebol, onde a paixão pelo esporte não se transforme em violência e onde os estádios sejam um ambiente seguro e acolhedor para todos.
Agora, com a mais recente decisão judicial permitindo novamente a presença de ambas as torcidas, a insegurança nos estádios volta a ser uma preocupação. Essa decisão equivocada ignora a necessidade de um planejamento sério e coloca em risco a integridade dos torcedores.
Os gestores públicos precisam deixar de lado as brigas e acusações mútuas e, juntos, encontrar uma solução efetiva para a violência no futebol. Apenas com uma abordagem coordenada e responsável será possível transformar os estádios em espaços seguros. É hora de os responsáveis assumirem de fato os cargos que ocupam e garantirem segurança e ordem para o espetáculo esportivo.
Jairo Lima é artista plástico, membro da Academia Cabense de Letras e pós-graduado em gestão pública