
Há quem acredite que fé é apenas esperar — de braços cruzados — que Deus resolva todos os dilemas da vida. Mas a verdadeira fé, a fé raciocinada, é bem mais do que isso. Ela não é uma fuga da realidade, e sim uma força que nos impulsiona a agir com consciência, coragem e discernimento.
O livro do escritor Frederico Menezes — Ajuda-te — resume com sabedoria o equilíbrio entre o humano e o divino. Deus ilumina o caminho, mas os passos são nossos. Ele oferece a direção, mas é o esforço pessoal que transforma a rota em conquista. Esperar que o milagre venha sem a ação é como querer a colheita sem semear o campo.
A fé raciocinada é aquela que pensa, questiona e amadurece. Ela compreende que os desafios não são castigos, mas convites à evolução espiritual. Quando enfrentamos um obstáculo, não é Deus que nos pune, mas a vida que nos ensina. E aprender é, também, um ato de fé — fé em nós mesmos, no potencial que Ele colocou em cada criatura.
A maturidade espiritual começa quando deixamos de pedir que Deus resolva e passamos a pedir forças para resolver. Porque o Criador não quer servos passivos, e sim filhos conscientes, capazes de crescer e transformar o mundo à sua volta. Cada lágrima, cada luta, cada queda é uma oportunidade de aperfeiçoamento — e o Céu se move quando percebe o nosso empenho em nos tornarmos melhores.
Assim, fé não é esperar o socorro divino, mas caminhar confiante sob Sua luz. É unir o coração que crê à razão que compreende. É entender que o amor de Deus não substitui a nossa responsabilidade, apenas a ilumina.
No fim, a evolução espiritual é uma estrada de mão dupla: Deus ilumina, nós avançamos.
E quanto mais caminhamos com fé e razão, mais próximos d’Ele nos tornamos — não porque Ele venha até nós, mas porque, enfim, aprendemos a ir até Ele.
Jairo Lima é escritor, poeta e artista plástico



