As “Experiências exitosas no desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes com deficiência intelectual” estiveram em pauta no seminário promovido pela Prefeitura do Jaboatão dos Guararapes, nessa quarta-feira (28). O evento, que integra a programação da Semana Municipal da Pessoa com Deficiência, reuniu 250 profissionais de Educação do município, no auditório da Faculdade dos Guararapes (UNIFG).
A Rede Municipal de Ensino tem 572 alunos com deficiência intelectual matriculados, dos quais 56 passam atualmente pelo processo de alfabetização. Desde o segundo semestre de 2018, Jaboatão implantou o projeto “Quebrando Barreiras na Alfabetização”, uma das vertentes da política municipal “Unir para Incluir”. O projeto funciona em seis escolas de tempo integral (EMTIs), com atividades diversificadas, que auxiliam os alunos no processo de alfabetização, aliada à grade curricular.
Coube à superintendente dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Lauriceia Tomaz, dar as boas-vindas aos presentes e abrir o evento. “É preciso dizer sempre que o lugar da pessoa com deficiência é onde ela quiser estar”, afirmou. Na sequência, a gerente de Educação Especial, Mabel Santos, reforçou que quando o município se propõe a realizar uma formação, pensa não apenas nos professores, mas principalmente no público a ser beneficiado. “Quando trocamos experiências, nós colaboramos para criar um ambiente pedagógico com diversidade. Aqui, todos nós respiramos inclusão 24h por dia”, declarou.
Com o painel “Reflexões acerca dos processos de ensino e aprendizagem das pessoas com deficiência intelectual”, a professora Gilmara Alvim, que também é uma das coordenadoras do Ensino Especial do Município, afirmou que é necessário focar o de alfabetização no que este aluno atípico pensa, como pensa e no que ele tem a oferecer e não na deficiência. “É preciso estimular esse aluno”, completou. Ela acrescentou que há três estilos de aprendizado: o cinestésico (atividades práticas, tarefas manuais), o auditivo (música, sons, gravações, leitura coletiva) e o visual (imagens, fotos, filmes).
Gilmara Alvim citou, ainda, algumas habilidades das pessoas com deficiência intelectual a serem desenvolvidas, como o conhecimento corporal (conhecer o próprio corpo, suas partes e movimentos), a lateralidade (conceito de imagem corporal, permitindo distinguir os lados em si, nas outras pessoas e os objetos), a percepção (através dos sentidos), o ritmo (permite perceber sons e o compasso) e, um dos mais importantes, a coordenação motora, ampla e fina, da qual faz parte o “movimento de pinça” com as mãos. “A melhora em cada uma dessas habilidades representa ganhos em termos de orientação espacial, equilíbrio, postura, retenção visual de letras e números, reprodução de formas e na direcionalidade da escrita”, salientou.
Sobre as estratégias utilizadas, a especialista citou a utilização de experiências sociais físicas e cognitivas (para dar noção de rotina), atividades dentro do contexto social dos alunos, adequadas às suas faixas etárias e, sempre que possível, usando os jogos educativos, ferramentas consideradas de grande utilidade. E, citando o psicólogo suíço Jean Piaget, o criador das bases do Método Construtivista, para quem “a atividade lúdica é o princípio fundamental para o desenvolvimento da atividade intelectual”, ela definiu oito habilidades fundamentais nesta alfabetização: comunicação, raciocínio lógico, persistência, espírito esportivo, trabalho em equipe, resolução de problemas, criatividade e autocontrole.