
O Brasil enfrenta uma crise de violência urbana que se alastra por centenas de municípios, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) identificou os 120 municípios mais violentos do país entre 2018 e 2020, com base em dados do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp). Entre os 15 municípios com maiores taxas de homicídios dolosos, destacam-se cidades como Rio Branco (AC), Caucaia (CE), Maracanaú (CE) e Cabo de Santo Agostinho (PE), com taxas que variam de 73,9 a 146,7 homicídios por 100 mil habitantes. Portal Antigo IPEA
O tráfico de drogas é um dos principais motores dessa violência. Facções criminosas disputam territórios e rotas, aliciando jovens em situação de vulnerabilidade. Em 2022, 49,2% dos 46,4 mil homicídios registrados no país tiveram como vítimas pessoas entre 15 e 29 anos. Esses jovens, em sua maioria homens negros e periféricos, são frequentemente cooptados pelo crime organizado devido à falta de oportunidades e à evasão escolar. Agência BrasilCNN Brasil+2CNN Brasil+2Valor Econômico+2
Embora o tráfico de drogas seja um fator central, não é o único responsável pela escalada da violência. Problemas estruturais como a baixa qualidade da educação, o desemprego e a desestruturação familiar contribuem para esse cenário. No entanto, é inegável que o tráfico se aproveita dessas fragilidades para expandir seu domínio.
As gestões públicas, especialmente as estaduais, têm sido tímidas em enfrentar o tráfico de frente. A repressão qualificada, que envolve inteligência policial e ações coordenadas, é essencial para desarticular as facções. No entanto, decisões judiciais que resultam na soltura de líderes do tráfico minam esses esforços e reforçam a sensação de impunidade.
Para enfrentar esse desafio, é necessário:
- Investimento em inteligência policial: Ações baseadas em dados e análises podem antecipar movimentos das facções e prevenir crimes.
- Fortalecimento da educação: Escolas de qualidade e programas de inclusão podem oferecer alternativas ao aliciamento pelo crime.
- Geração de empregos: Políticas públicas que incentivem a criação de empregos, especialmente para os jovens, são fundamentais.
- Reforma do sistema judiciário: É preciso garantir que decisões judiciais não comprometam o combate ao crime organizado.
Enfrentar a violência urbana exige coragem e comprometimento das gestões públicas. É hora de encarar o problema de frente e implementar ações eficazes para garantir a segurança da população.
Jairo Lima é membro da Academia Cabense de Letras, artista plástico e pós-graduado em gestão pública