Em 2024, o cinema feito em Pernambuco, principalmente o de forma independente, contou com um importante aliado na divulgação, difusão e valorização das obras produzidas no estado. Foi na Rua Mamede Simões, que um cineclube e seu icônico letreiro – em homenagem ao Cinema São Luiz – chamou a atenção de curiosos, cinéfilos e cineastas de várias gerações, revivendo uma tradição experimentada na década de 1970 no Recife. O Bar Super 8, junto ao projeto Encontros do Cinema Pernambucano, foi responsável por promover mais de 120 sessões gratuitas e exibir 600 filmes com a presença dos realizadores, pesquisadores e debate com o público
“Foi um ano histórico para o cinema de rua no Recife e para o Bar Super 8, que fez homenagens a grandes nomes da cultura pernambucana, deu protagonismo ao trabalho de artistas negros, indígenas, LGBTQIA+, de bairros periféricos e do interior, e promoveu sessões com acessibilidade comunicacional, poesia e trilha sonora ao vivo, entre tantas outras abordagens. Estamos muito felizes com esses números também. Dar espaço para 600 filmes, exibi-los na rua, carrega uma mensagem simbólica coerente com a nossa proposta“, comenta Vinicius Costa, um dos sócios do cineclube.
Para este ano, o Bar Super 8 planeja realizar outras iniciativas e avançar ainda mais no propósito de se colocar como um espaço voltado para a difusão do cinema independente de Pernambuco. Dentre as ações, um dos focos é reforçar com mais intensidade o convite para que outras pessoas possam pensar e produzir curadorias com temas diversos, ampliando o leque de visões e olhares sobre cinema apresentados no local.
Duas sessões marcadas neste sentido terão a participação das artistas Rebecca França e Uenni, respectivamente nos dias 29 e 30 de janeiro, apresentando as perspectivas sobre a sétima arte a partir do ponto de vista das artistas que trabalham com arte de rua e periférica. Também estão agendadas uma homenagem ao artista Jr. Black, um encontro sobre a Soparia, com Roger de Renor, e uma noite de exibição de filmes sobre o Carnaval.
Outra proposta, com início em fevereiro, é uma articulação com cineclubes da Região Metropolitana do Recife, como o Cineclube Mucambo, o Cineclube do Pneu, o Cineclube Bamako, e o Cineclube Iapôi. A iniciativa tem o objetivo de levar os cineclubes a ocuparem o Bar Super 8 para que sejam estabelecidas conexões entre os espaços, bem como a troca de experiências sobre a produção, fomento e difusão do cinema pernambucano.
Para Thor Neukranz, responsável pela mediação e curadoria do espaço, é importante ressaltar que o Super 8 deixou em 2024 um legado para o cinema pernambucano e que este segue sendo o norte do cineclube em 2025.
“O Super 8 legitimou-se como um ponto de encontro de formação de plateia, de difusão e de divulgação do cinema independente de Pernambuco. Artistas do audiovisual do nosso estado que não encontravam incentivo para exibição, muito menos apoio do poder público, enxergaram no local uma possibilidade de fazer algo novo acontecer. Foi prestigiando quem faz na ponta a sétima arte que surgiu um dos mais importantes cineclubes do Recife, frequentado não só por quem ama cinema, mas também por quem apenas quer apreciar um pouco sobre o assunto”.