
O vereador do Recife, Eduardo Moura (NOVO), realizou nesta quinta-feira (13) uma fiscalização no canteiro de obras do Parque Eduardo Campos, localizado às margens da Via Mangue, no bairro de Boa Viagem. A visita foi motivada por denúncias recebidas pelo gabinete do parlamentar que geraram três meses de apuração e investigação da equipe técnica. Tudo foi transmitido ‘ao vivo’ através das redes sociais do vereador.
Durante a vistoria, Eduardo Moura flagrou ao menos dois crimes ambientais. Olhos d’água minavam água do mangue em vários trechos do terreno. “Isso comprova que toda essa área foi aterrada”, lamenta. Moura encontrou ainda vários canos que jorravam água escura retirada do solo. “Eles estão drenando a água do mangue que está aqui embaixo. É o dinheiro do povo sendo gasto pra aterrar mangue. O que acontece aqui é um crime ambiental, à exemplo do que aconteceu no Parque das Graças e na Vila da Aeronáutica”, criticou o vereador.
Outro flagrante foi ao lado da quadra poliesportiva (um dos poucos equipamentos entregues). No terreno havia areia fofa repleta de conchas do mar. “Isso aqui é areia retirada da praia, porque esse tipo de concha não vem do mangue. Estamos diante de mais um crime ambiental. Cadê o Ministério Pùblico, o Ministério do Meio Ambiente, a CPRH? Vamos denunciar esses absurdos,” diz Moura.
O líder do NOVO na câmara destacou ainda problemas estruturais e ambientais na primeira etapa já concluída, onde está localizado o parquinho infantil. Além de irregularidades no piso, cerca de dez palmeiras imperiais estavam ressecadas. “É esse tipo de obra que a prefeitura faz? É assim que é gasto o dinheiro do recifense? Cada palmeira imperial dessa custa aproximadamente R$ 2 mil. Só aqui tem vinte mil reais indo pro ralo”. Eduardo Moura também questionou o valor investido para a compra dos brinquedos. “Foram gastos R$ 3,98 milhões de reais. Sinceramente, eu não consigo enxergar sequer um milhão aqui, no máximo uns 500 mil reais. Com esses quase R$ 4 milhões daria pra construir 3 creches, ou 2 postos de saúde. O que a população preferia?” questionou.
O vereador foi o único parlamentar do Recife a conseguir fiscalizar efetivamente toda a obra do Parque Eduardo Campos, sem qualquer tipo de embaraço. Durante a live, ele lembrou os aditivos colocados pela prefeitura ao longo dos meses. “O Parque Eduardo Campos começou a ser construído em setembro de 2023, com previsão de entrega para setembro de 2024 e custo inicial era de R$ 62,2 milhões. Hoje, o valor da obra já chega a R$ 130 milhões, com o último aditivo no valor de R$ 832 mil, feito no dia 3 de novembro de 2025. Somando o valor da desapropriação atualizado, o gasto ultrapassa R$ 146,5 milhões”, criticou o parlamentar.
Em um dos momentos polêmicos da live, Eduardo Moura entrou em uma área do terreno que seria propriedade particular, mesmo sem nenhuma divisória. No local, ele encontrou máquinas de terraplanagem semelhantes às usadas no parque. “Se é uma área particular, então estão misturando as obras? É até estranho ou conveniente que haja uma terraplanagem ao lado do parque Eduardo Campos com o mesmo material, aparentemente. A entrada do parque inclusive é aqui. Tem até placas do parque aqui e não há nenhum indício de que será colocado um muro ou uma cerca”, disse o vereador, apontando para os dizeres nas placas com os novos prazos de entrega do parque: “Março de 2026, um mês antes do prazo final pra João Campos se desincompatibilizar da prefeitura para disputar a eleição de governador. Curioso né?”, ironizou.
Ainda durante a fiscalização, Moura lembrou que há suspeitas de irregularidades no processo licitatório para a construção do Parque Eduardo Campos. “A empresa Loquipe teria sido beneficiada pelo PSB. Na época uma empresa do Rio de Janeiro, a ACA Engenharia, ofereceu um preço de R$ 2 milhões mais barato. O TCE justificou que a ACA não teria qualificação técnica para a execução dos serviços. O laudo teria sido contestado pelos técnicos do próprio tribunal. Para quem quiser checar, o número do processo é o 24101210-7, sob relatoria do conselheiro Marcos Loreto que é primo legítimo da mãe do prefeito João Campos. A relatoria foi finalizada em abril de 2025. Estamos em novembro e ainda não foi finalizada”, concluiu, afirmando que um relatório com todas as irregularidades constatadas na obra será elaborado por sua equipe técnica e encaminhado às autoridades ambientais e judiciárias competentes.




