
Em meio à estagnação e à falta de articulação dos líderes políticos de Pernambuco, coube ao setor empresarial dar o primeiro passo rumo ao bom senso. Diante do impasse entre o Palácio do Campo das Princesas e a Assembleia Legislativa (Alepe), foi o grupo Atitude formado por empresários pernambucanos com forte atuação no estado quem se mobilizou para tentar restabelecer o diálogo e evitar o travamento de projetos estratégicos como o Arco Metropolitano, a Escola de Sargentos, a Transnordestina e a duplicação da BR-232.
Na manhã desta segunda-feira, integrantes do grupo Atitude formado por empresários pernambucanos comprometidos com o desenvolvimento do estado estiveram na Alepe tentando mediar a crise que já ameaça travar investimentos estruturantes em Pernambuco, como o Arco Metropolitano, a Escola de Sargentos, a Transnordestina e a duplicação da BR-232.
Estiveram presentes Halin Nagen, Paulo Sales e Guilherme Ferreira da Costa. Sem a presença do presidente da Alepe, Álvaro Porto, que estava em Brasília, o trio foi recebido por parlamentares das comissões de Justiça, Finanças e Administração, entre eles, Alberto Feitosa (PL), Antonio Coelho (União Brasil), Waldemar Borges (PSB) e Caio Albino (PSB). Do lado governista, apenas o deputado Antonio Moraes (PP) compareceu, o que por si só já revela o descompasso entre a base da governadora Raquel Lyra e o Legislativo.
Durante o encontro, deputados de oposição reiteraram o que já haviam tornado público: o Governo do Estado já teve R$ 9,2 bilhões em empréstimos aprovados pela Alepe, mas só utilizou cerca de R$ 2,3 bilhões. Segundo os parlamentares, há dinheiro em caixa suficiente para tocar os investimentos de 2025, tornando a aprovação de novos financiamentos algo questionável, sobretudo diante da ausência de transparência do Executivo. Deputados reclamaram também da falta de respostas aos pedidos de informação enviados ao Palácio.
Diante do impasse, os empresários se comprometeram a buscar uma conversa com o Governo, tentando amenizar o clima de desconfiança e restabelecer alguma forma de entendimento institucional. Eles reforçaram a necessidade urgente de destravar os projetos que representam oportunidades reais de crescimento econômico e social para Pernambuco.
O que chama a atenção é que, mais uma vez, o Grupo Atitude, composto por representantes do setor produtivo, precisa ocupar o vácuo deixado por lideranças políticas que, em vez de construir pontes, insistem em alimentar disputas e omissões. Em março, o grupo já havia publicado nota cobrando a aprovação de projetos estratégicos. Agora, retornam ao papel de bombeiros em uma crise que, na verdade, só existe por conta da falta de maturidade política e de diálogo institucional.
A pergunta que fica é: até quando os interesses do estado terão que depender da iniciativa da sociedade civil, enquanto Executivo e Legislativo seguem em rota de colisão?