O Paraíso e seus destroços é o novo livro de poesia do escritor pernambucano Alexsandro Souto Maior. O livro será lançado no próximo dia 11 de janeiro, às 19h, na Furdunço Café e Cultura, contando com Dr. professor e escritor Robson Teles, a também escritora Conceição Rodrigues que recitarão poemas do autor, além da presença do maestro Israel de França.
A obra foi uma das escolhidas da seleção promovida pela editora Patuá que contou com mais de três mil originais de todo o Brasil. O livro foi lançado na Casa Gueto, na última edição da FLIP (Festival Literário de Paraty). A FLIP é considerada a maior feira literária do país e ocorre anualmente.
O paraíso e seus destroços conta com mais de setenta poemas que versam, em boa parte, sobre imagens e ideias de paraíso. Isso ocorre, por exemplo, no trecho do poema Paraíso a 30 km: “O paraíso é uma cidade emancipada/ de um país cerceado por abutres/ de uma outra cidade tomada pelas sombra.” Poemas narrativos iniciam um percurso tenso, reflexivo, conduzindo o leitor a deslocamentos variados em busca do paraíso. Ao decorrer da obra, o cotidiano se apresenta em trechos ora apocalípticos ora esperançosos.
O livro reserva ao leitor uma poesia com boa dose de antíteses, paradoxos, prosopopeias, metáforas, figuras de linguagem que expandem o imaginário do sagrado e do profano, presentes no novo livro do poeta pernambucano. É parte de O paraíso e seus destroços a presença da poesia visual, palavras que não só ocupam espaços diversos nas páginas, mas também ampliam o conceito da palavra poética. Tal criação Alexsandro Souto Maior tem explorado nos últimos anos e que tem rendido ao poeta participação em exposição, como ocorreu na exposição Entre Sertão e Versos, em Recife. “Em O paraíso e seus destroços, o título já nos convida a um jogo. Nele, a palavra é mais liberta, ela brinca. Ela toma o espaço, carregada de som e suscitando imagens, tensões. Esse jogo sempre me atraiu!”, conta o escritor.
Na feitura de seu novo livro estão elegias, anedotas, além de pequenas parábolas, diários, biografias que revelam personagens e vozes dessa poesia disforme e diversa.
No livro, visita-se uma concepção penitencial da vida cristã, por exemplo. Na anáfora do poema O purgatório: Há um purgatório em cada janela colonial aberta/ em cada vestido esquecido no guarda-roupa/ em cada botão de rosa. Essa visão pode dividir o espaço com o divergente dos versos: Algum dia/ em alguma noite insossa como esta/ provarei (doce e demoradamente)/ dos afetos e das sobras de Deus. Um excerto do poema Juízo final. “Gosto do atrito das palavras, do que elas promovem para os olhos e para os ouvidos do leitor, é dessas pequenas explosões que podem nascer o incomum, o poético”, confessa Alexsandro.
O livro de Alexsandro não só se prende ao universo idealizado do paraíso. A vida cotidiana disposta em versos e estrofes alimenta a possibilidade do leitor pensar em seus próprios destroços e paraísos. “Outra pretensa idealização”, brinca o autor. Outro ponto alto do livro é a arte gráfica. As noventa e duas páginas da obra, visualmente, exploram a ideia do chiarooscuro, técnica de pintura difundida pelo estilo Barroco. É uma tradução dos contrastes em que os versos de Alexsandro estão imersos. A edição traz referências tanto no miolo do livro quanto na capa do tríptico O jardim das delícias terrenas do pintor flamengo Bosch, além de A criação de Adão, de Michelangelo. O projeto gráfico é de Roseli Vaz e a edição é da editora paulista Patuá.
O ESCRITOR
Alexsandro Souto Maior é ator e professor de literatura. Autor de obras de poesia, ficção e teatro. Entre suas obras está o texto dramatúrgico Luzia no Caminho das Águas, em que obteve o Prêmio Funarte de Dramaturgia, na categoria voltada para infância e juventude, 2005. Além dessa, com Mariano, irmão meu, Alexsandro conquistou o Prêmio Literário Cidade de Manaus, categoria de teatro adulto, em 2011. O autor voltou a vencer esse mesmo prêmio com Eu e os Avelós, em 2017. No ano subsequente, foi a vez de ele ganhar o Prêmio Ariano Suassuna com a obra dramatúrgica Tempo de Flor, que mais tarde seria montada pelo grupo Pé de Vento de Arcoverde. No ano de 2020, torna a vencer o Ariano Suassuna com O mistério do Casarão de dona Niná também na categoria de teatro para infância e juventude.
Na poesia, destaque para a obra A seiva. Esta foi publicada em 2020 e recebeu menção honrosa pela Academia Pernambucana de Letras. Ele também é autor de Recife Anfíbio e outras paragens, obra poética que surgiu de projeto homônimo audiovisual, contemplado pela Lei Aldir Blanc.