
Se a placa na entrada do município anuncia “Eu amo minha cidade” ou “I love you”, é porque há um desejo de transmitir ao visitante e aos próprios moradores um sentimento de carinho, pertencimento e orgulho. No entanto, o verdadeiro amor por um lugar não se limita a um letreiro colorido ou a uma foto de Instagram. Ele se constrói na prática, no cuidado diário de todos — poder público, iniciativa privada e população — para que aquela localidade ofereça condições de vida dignas, serviços de qualidade e um ambiente acolhedor.
Em primeiro lugar, a cidade que realmente desperta amor em seus habitantes assegura infraestrutura básica de modo efetivo. Isso significa ruas bem cuidadas, saneamento adequado e espaços públicos organizados. Uma cidade que investe em habitação, em iluminação pública e em transporte de qualidade consegue reduzir a desigualdade, promover conforto e, assim, fortalecer o sentimento de segurança e de pertencimento. Afinal, é difícil declarar amor a um lugar em que as necessidades mais elementares não são atendidas.
Na sequência, a oferta de serviços públicos de saúde e educação faz toda a diferença na construção desse sentimento coletivo de “amor”. Postos de saúde que funcionam, hospitais equipados e escolas capazes de formar cidadãos críticos e atuantes mostram que existe comprometimento com o desenvolvimento humano. Além disso, uma cidade que incentiva a cultura de paz e a prática de atividades esportivas e de lazer garante espaços para convivência e diversão, promovendo vínculos mais fortes entre os moradores. As praças, os parques e os centros culturais tornam-se locais de encontros, de trocas e de fortalecimento de laços comunitários.
Outro aspecto fundamental é o respeito à promoção de uma cultura de valorização das expressões artísticas e culturais locais. Quando as pessoas se sentem representadas, quando tradições e identidades são reconhecidas, o amor pela cidade ganha ainda mais força. É nesse contexto que nascem iniciativas de preservação do patrimônio histórico, de fomento a festivais culturais e de celebração das raízes do lugar — todas ações que envolvem tanto o poder público quanto a população local.
Por fim, amar a cidade também é assumir responsabilidade por ela. Cada morador, dentro de suas possibilidades, pode contribuir com pequenas atitudes que vão desde não jogar lixo nas ruas até participar de conselhos comunitários. O amor se torna um elo visível e compartilhado quando há engajamento na busca por soluções coletivas e na cobrança por uma gestão pública transparente e eficiente.
Assim, quando lemos “Eu amo minha cidade” em coloridas placas nas entradas dos bairros, o que realmente importa é o que acontece por trás desse símbolo. São as ações reais que tornam o lugar digno de ser amado e fazem essa declaração deixar de ser apenas uma frase bonita para se converter em uma vivência cotidiana de pertencimento, orgulho e respeito. Esse é o verdadeiro sentido de cultivar e merecer o amor do seu povo.
Jairo Lima é membro da Academia Cabense de Letras, artista plástico e pós-graduado em gestão pública