
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo com recorte local feito pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE) para Recife, aponta que 80% das famílias estavam endividadas em agosto de 2025, número próximo ao observado em julho (80,4%) e levemente abaixo de agosto de 2024 (81,5%). Em termos absolutos, são mais de 423 mil famílias com algum tipo de dívida na capital pernambucana.
O cartão de crédito segue como o principal meio de endividamento, presente em 91,2% das famílias endividadas. Em seguida, aparecem carnês (28,3%) e financiamento de veículos (7,1%).
Entre os endividados, 26% possuem contas em atraso, representando cerca de 137 mil famílias. Dentro deste grupo, 14,2% afirmam não ter condições de quitar as dívidas atrasadas. O tempo médio de atraso é de 62 dias, o que indica que uma parte relevante das famílias enfrenta dificuldades prolongadas para regularizar suas pendências.
A pesquisa também mostra que 29,2% da renda familiar está comprometida com dívidas mensais, em média. Além disso, quase um terço das famílias permanece endividada por mais de um ano, refletindo uma situação de restrição orçamentária persistente.
O presidente da Fecomércio-PE, Bernardo Peixoto, destaca o impacto desse quadro para a economia local. “O orçamento das famílias recifenses continua pressionado pelo endividamento. Quando uma parte significativa da renda é direcionada ao pagamento de dívidas, sobra menos espaço para o consumo no comércio e nos serviços. Na Fecomércio-PE, monitoramos esses números para antecipar tendências e apoiar o setor produtivo”.
De acordo com o economista da Fecomércio-PE, Rafael Lima, o resultado mostra um cenário de estabilidade, mas com sinais de pressão sobre a renda familiar. “O nível de endividamento permanece elevado e estável, mas a inadimplência voltou a crescer em agosto, com avanço de 4% no Recife. Esse movimento indica que uma parcela significativa das famílias enfrenta dificuldades para cumprir seus compromissos financeiros. A tendência não se restringe ao cenário local, no Brasil, a alta de 1,2% levou a taxa de inadimplência ao maior patamar desde o início da série histórica, em 2010”.