Os transtornos para os passageiros do transporte público da Região Metropolitana do Recife podem ser ainda maiores do que os já previstos com a greve dos motoristas de ônibus programada para a próxima quarta-feira (26/7). Agora, são os metroviários que deverão deflagrar um movimento de greve do Metrô do Recife, com reais possibilidades de a suspensão do serviço acontecer junto com a dos ônibus.
Se for confirmada, a paralisação dos ônibus e do Metrô do Recife afetará 2 milhões de passageiros que dependem do transporte público diariamente no Grande Recife.
A categoria vai realizar uma assembleia na noite da terça-feira (25), um dia antes da paralisação dos motoristas de ônibus, que aprovaram uma greve a partir da 0h da quarta. E, de acordo com o Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE), é praticamente certa a aprovação da greve. A assembleia acontece às 18h, na Estação Recife do metrô, no Bairro de São José, Centro da capital pernambucana.
A convocação do movimento, inclusive, começou a ser feita no fim da tarde da sexta (21) já com a informação de decretação da greve geral. Entre os metroviários, o sentimento é de abandono e decepção. Tanto por parte da gestão nacional da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), que gere o Metrô do Recife e os sistemas de Natal (RN), João Pessoa (PB) e Maceió (AL), quanto pelo governo do presidente Lula (PT).
“Devemos aprovar uma greve geral por tempo indeterminado sim. Ou, no mínimo, uma paralisação de 48h. Mas acredito que será a greve. A categoria está muito saturada e sem perspectiva. E vendo que não adianta mais negociar com a CBTU porque ela não cumpre o que ficou acordado porque não tem autonomia junto ao governo federal, que também não tem atendido às nossas demandas”, desabafa o presidente do Sindmetro-PE, Luiz Soares.
A paralisação do Metrô do Recife deverá, de fato, acontecer com a dos ônibus. O Sindicato dos Rodoviários já tinha levantado essa possibilidade, que agora foi confirmada pelo Sindmetro-PE. “Iremos fazer uma carta aberta à sociedade conjunta com os rodoviários e, possivelmente, os movimentos acontecerão juntos”, afirma Luiz Soares.
Os metroviários estão em Estado de Greve desde o fim do mês de abril como pressão para forçar o governo federal a retirar a CBTU do Plano Nacional de Desestatização (PND), o que não aconteceu mesmo após sete meses da gestão Lula. A categoria está revoltada com a postura do governo federal.
Além disso, alega que, em junho, a Administração Central da CBTU sentou com os sindicatos do Recife, João Pessoa, Maceió e Natal e fechou uma proposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2023/2024, que agora diz não poder cumprir porque o governo federal não aceitou.
A minuta previa um aumento de 15% no salário base da categoria, que passaria de R$ 2 mil para R$ 2.725 e a garantia de emprego no caso da concessão pública ou da privatização do Metrô do Recife. Mesmo pedindo 25%, a categoria teria cedido à proposta.
Por nota, a CBTU Recife informou que submeteu o ACT ao governo federal e que ele não foi autorizado. “Em relação ao Acordo Coletivo 2023/2024, a CBTU submeteu, para apreciação à Secretaria de Coordenação das Estatais (SEST), a proposta discutida conjuntamente com os sindicatos. No entanto, a proposta não foi aprovada e as negociações continuam em andamento”.
Da redação do Radar Metropolitano com informações do JC.