O cenário político brasileiro pode ser testemunha de uma renovação de rostos na corrida presidencial. Dois nomes de destaque da nova geração foram ventilados como possíveis candidatos: Nikolas Ferreira, deputado federal de direita e especificações das redes sociais, e João Campos, atual prefeito do Recife e considerado um dos melhores gestores municipais do país. Ambos são jovens, carismáticos e já possuem trajetórias que os colocam no centro das discussões sobre o futuro da política nacional.
Nikolas Ferreira, conhecido por sua habilidade em mobilizar massas pela internet, entrou novamente nos holofotes com o polêmico “vídeo do Pix”, o que gerou tantas críticas quanto aplausos nos setores da sociedade. Ele representa um segmento conservador que busca rejuvenescer o discurso de direita, carregando bandeiras como valores familiares, crítica ao ativismo judicial e a defesa da liberdade econômica. No entanto, Nikolas enfrenta desafios significativos: sua popularidade digital não necessariamente se traduz em uma área acessível mais ampla no cenário político, onde ainda é visto como polarizador e inexperiente para uma carga de tamanha relevância.
Do outro lado, João Campos se consolida como um símbolo de modernização e eficiência na gestão pública. À frente da Prefeitura do Recife, implementou projetos inovadores que alavancaram a cidade em rankings nacionais de governança. Filho de Eduardo Campos, um dos políticos mais respeitados de sua geração, João carrega o peso do sobrenome e a expectativa de ser um líder que consiga unir o país em torno de um projeto progressista. Contudo, a questão é: a esquerda, fragmentada e cheia de caciques, aceitaria seu nome? Seria necessário “combinar com os russos”, e há quem questione sua capacidade de dialogar com setores mais radicais do campo progressista.
Ambas as candidaturas, no entanto, dependem de uma variável crucial: a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que busca reduzir a idade mínima para a elegibilidade a diversas cargas, incluindo a Presidência da República. Atualmente, são precisos 35 anos para concorrer ao Planalto, mas a mudança abriria caminho para que os políticos da nova geração pudessem se colocar como alternativas viáveis. Embora a PEC esteja em discussão, enfrenta resistência de parlamentares que temem perder espaço para nomes mais jovens e conectados com a população.
A entrada de Nikolas Ferreira e João Campos no debate presidencial, caso se concretizasse, seria uma ruptura bem-vinda em um cenário político dominado por figuras que há décadas se alternam no poder. A novidade, no entanto, traz consigo os desafios da experiência e das declarações de propostas que de fato dialogam com o Brasil real, um país marcado por desigualdades profundas e por um eleitorado que, cada vez mais, busca soluções concretas para seus problemas.
Embora Nikolas e João representem a possibilidade de um novo capítulo na política nacional, ambos precisam enfrentar entraves importantes: a exclusão de parte do eleitorado, os interesses de forças políticas tradicionais e o escrutínio de suas ações e discursos. Será que o Brasil está pronto para apostar em novos protagonistas, ou o peso do passado ainda falará mais alto? A resposta, como sempre, virá das urnas — e dos acordos que, nos bastidores, continuam a definir o jogo político.
Por: Uanderson Melo, jornalista, radialista e teólogo