Iniciar uma gestão pública é um desafio complexo e cheio de nuances. Os prefeitos, ao assumirem suas funções, deparam-se com a necessidade de tomar decisões que impactam diretamente a vida dos cidadãos. Uma postura democrática e transparente pode ser o diferencial entre uma administração eficaz e uma gestão marcada pelo insucesso. Uma das estratégias mais eficazes para alcançar esse objetivo é a instalação de um conselho político no início da gestão, composto por membros da frente de partidos que elegeram o gestor e representantes da sociedade civil. Além disso, a prática sistemática de reuniões com o secretariado é essencial para assegurar a coordenação e a coesão das políticas públicas.
A formação de um conselho político que reúna os partidos que compõem a base de apoio ao governo e representantes da sociedade é um gesto de respeito à pluralidade de opiniões e à participação social. Esse conselho não deve ser visto apenas como uma formalidade, mas sim como um espaço efetivo de discussão e planejamento, onde as vozes de diferentes segmentos da sociedade podem ser ouvidas e consideradas nas decisões governamentais.
Essa estrutura permite que as decisões tomadas pela administração sejam mais assertivas, pois contam com o respaldo de diferentes perspectivas. Isso não só legitima as ações do governo, mas também fortalece a democracia ao incluir os cidadãos no processo decisório. Um conselho político bem estruturado atua como uma ponte entre o governo e a população, garantindo que as demandas sociais sejam adequadamente representadas e atendidas.
A prática de reuniões regulares com o secretariado é outro ponto crucial para uma gestão pública bem-sucedida. Essas reuniões permitem que todas as áreas da administração estejam alinhadas em relação aos objetivos e desafios do governo. A troca constante de informações entre os secretários permite identificar rapidamente problemas, compartilhar soluções e evitar que setores do governo trabalhem de forma isolada ou contraditória.
Uma gestão pública que promove o diálogo constante entre seus integrantes é mais eficiente e capaz de enfrentar os desafios de forma integrada. Esse tipo de prática fortalece a coesão do governo e assegura que as políticas públicas sejam implementadas de maneira coordenada, otimizando os recursos e melhorando os resultados.
A adoção de uma postura democrática e transparente na administração pública contrasta fortemente com gestões centralizadoras, onde o poder é concentrado em uma única figura, muitas vezes por vaidade, arrogância ou despreparo. Esse tipo de gestão tende a ser ineficaz e descolada das reais necessidades da população, pois se baseia em decisões unilaterais e na falta de diálogo.
Prefeitos que centralizam o poder em si mesmos, ignorando as contribuições de outros atores políticos e sociais, acabam gerando uma administração isolada e, muitas vezes, ineficaz. Essa atitude pode até oferecer uma sensação de controle no curto prazo, mas, a longo prazo, ela fragiliza a governabilidade e a capacidade do governo de responder às demandas da população.
Quando um prefeito adota uma gestão participativa e inclusiva, os benefícios são sentidos em todas as esferas. A cidade ganha com uma administração mais alinhada com as necessidades reais da população, o que se traduz em políticas públicas mais eficazes e melhorias concretas na qualidade de vida dos cidadãos. O cidadão, por sua vez, sente-se mais representado e confiante no governo, aumentando a sensação de pertencimento e engajamento cívico.
Consequentemente, o prefeito e sua equipe também colhem os frutos dessa abordagem. Uma administração bem-sucedida, que consegue atender às demandas da população de forma eficiente e transparente, fortalece a imagem do gestor e aumenta suas chances de sucesso em futuros pleitos eleitorais. A construção de um legado positivo depende, em grande parte, da capacidade do prefeito de promover uma gestão pública democrática e aberta ao diálogo.
A instalação de um conselho político representativo e a prática sistemática de reuniões do secretariado são práticas que não apenas promovem a transparência e a eficiência, mas também fortalecem a democracia e a participação social. Uma gestão pública que se pauta pelo diálogo e pela inclusão é capaz de enfrentar os desafios de forma mais eficaz e sustentável. Nesse sentido, o grande vencedor é o cidadão, que pode contar com um governo verdadeiramente comprometido com o bem-estar coletivo e com o desenvolvimento da cidade.
Jairo Lima é membro da Academia Cabense de Letras, artista e gestor público