
Em um mundo onde a preocupação com o meio ambiente está cada vez mais em destaque, é crucial lembrarmos que a preservação do ser humano deve estar no centro das políticas públicas ambientais. Enquanto é indiscutível a importância de preservar nossos recursos naturais, não podemos ignorar que em muitas partes do mundo, pessoas enfrentam a fome e a falta de acesso a condições básicas de vida.
A hipótese Gaia, proposta por James Lovelock, nos oferece uma perspectiva interessante sobre como a Terra possui mecanismos de autorregulação, sugerindo que o planeta pode se adaptar e sobreviver a várias mudanças. No entanto, essa visão não deve nos levar a uma falsa sensação de segurança em relação à exploração desenfreada dos recursos naturais. A Terra pode se renovar, mas a que custo para a humanidade?
É aqui que a gestão pública entra como um ator fundamental na busca de um equilíbrio entre a preservação ambiental e o atendimento das necessidades humanas. É imprescindível desenvolver políticas que priorizem o bem-estar das populações mais vulneráveis, garantindo acesso a recursos essenciais, como água potável, alimentação e saúde. Não podemos nos esquecer de que a degradação ambiental afeta diretamente as comunidades mais pobres, que dependem dos recursos naturais para sua subsistência. A falta de acesso a uma alimentação adequada e a serviços de saúde é uma realidade dura para milhões de pessoas. Assim, a preservação do homem deve ser vista como parte integrante da agenda ambiental.
A gestão pública tem a responsabilidade de implementar políticas que promovam a sustentabilidade, sem perder de vista a necessidade de desenvolvimento social. Isso inclui investir em educação ambiental, incentivando práticas sustentáveis desde cedo, e em tecnologias que reduzam o impacto ambiental sem comprometer o desenvolvimento econômico.
Em conclusão, a preservação do meio ambiente e do ser humano não são objetivos antagônicos, mas complementares. A gestão pública deve atuar como uma ponte entre essas duas dimensões, garantindo que as ações voltadas à preservação do planeta também considerem, em primeiro lugar, o bem-estar e a sobrevivência digna da nossa espécie.
Jairo Lima é membro da Academia Cabense de Letras, artista plástico e pós-graduado em gestão pública