O início de 2025 trouxe à tona uma tensão política que se arrasta desde o ano anterior: o não pagamento das emendas impositivas por parte do governo de Raquel Lyra (PSDB). Apesar das reiteradas promessas feitas pela governadora em dezembro de 2024 de que os valores seriam quitados antes do fim do ano, mais de R$ 100 milhões seguem em aberto, gerando insatisfação e mobilização no Legislativo pernambucano.
A reunião realizada ontem, com ampla participação dos deputados estaduais, mostrou a força do descontentamento no parlamento. Entre os pontos debatidos, o principal foi entender por que o pagamento não foi efetuado. O governo justificou o atraso alegando burocracia e problemas com a documentação de entidades e prefeituras, uma explicação que os parlamentares consideram insuficiente, especialmente diante da gravidade do saldo em aberto.
No fim de 2024, o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Álvaro Porto (PSDB), já havia se encontrado com a governadora para discutir o tema. Contudo, a insatisfação se manteve e o risco de judicialização foi amplamente discutido nos bastidores. Na reunião de ontem, os deputados decidiram agir formalmente, elaborando dois ofícios com assinatura de quase todos os presentes.
O primeiro documento foi encaminhado ao Palácio do Campo das Princesas e exige explicações detalhadas do Executivo estadual. Entre os questionamentos, destaca-se o motivo exato do atraso, o plano de pagamento das emendas e uma previsão concreta para sua execução. O governo terá 30 dias para responder ao pedido.
Esse movimento da Alepe reflete o desgaste político causado pela situação e evidencia uma cobrança firme do Legislativo por transparência e cumprimento dos compromissos financeiros. Com a força da assinatura conjunta de deputados de diferentes partidos, o recado é claro: o atraso nas emendas não será ignorado, e a pressão sobre o governo aumentará caso o impasse não seja resolvido.
O desdobramento desse embate pode ditar o tom da relação entre o Legislativo e o Executivo nos próximos meses. Enquanto isso, entidades e prefeituras que dependem desses recursos aguardam ansiosamente por uma solução que, até agora, parece distante. A expectativa é que a governadora Raquel Lyra consiga superar esse desgaste e apresentar uma resposta à altura, antes que a judicialização se torne uma realidade.
Os próximos dias prometem trazer mais capítulos a essa novela política que já começa a marcar o início do ano no cenário pernambucano.