
A federação entre o Progressistas (PP) e o União Brasil finalmente ganhou corpo em Pernambuco com a definição do seu comando estadual. Mencionado previamente pelas direções nacionais dos dois partidos, quem assumirá a presidência da nova federação no estado será o deputado federal Eduardo da Fonte (PP), uma escolha que respeita o critério de desempenho eleitoral na última eleição federal.
Não foi uma decisão aleatória. A matemática foi clara e incontestável: os quatro deputados federais eleitos pelo PP em Pernambuco, Eduardo da Fonte, Clarissa Tércio, Fernando Monteiro e Lula da Fonte, somaram expressivos 539.324 votos. Já o União Brasil, que elegeu três parlamentares, Fernando Filho, Mendonça Filho e Luciano Bivar, ficou com 305.752 votos. A diferença reforça o peso político do PP no estado, e garantiu a Eduardo da Fonte o comando da federação.
A vice-presidência estadual, por sua vez, ficará com Miguel Coelho, ex-prefeito de Petrolina e nome de destaque do União Brasil. A escolha busca equilíbrio e já sinaliza que, mesmo com o PP liderando, a federação será construída com base em diálogo, alianças e, sobretudo, ambições eleitorais comuns, principalmente com vistas às eleições municipais de 2024 e ao jogo mais pesado de 2026.
A federação entre PP e União Brasil deve redesenhar o tabuleiro político pernambucano. Em um estado onde os grandes grupos políticos estão em constante rearranjo, a união desses dois partidos amplia a força do bloco de centro-direita e pode ser decisiva em diversos municípios. Há, inclusive, expectativa de que a federação se torne uma força alternativa ao governo Raquel Lyra, atraindo lideranças insatisfeitas com o Palácio das Princesas.
A presidência de Eduardo da Fonte, conhecido pela habilidade de articulação nos bastidores e pelo controle que exerce no PP local, reforça o caráter estratégico da aliança. Ao lado de Miguel Coelho, que representa uma nova geração política do interior com ambições majoritárias, a federação já nasce com dois polos de influência distintos e complementares: o Recife e o Sertão.
Resta saber se a convivência interna será harmoniosa ou se o que hoje parece força poderá virar tensão. Afinal, alianças eleitorais são, antes de tudo, contratos de conveniência e os egos políticos, quando feridos, podem implodir até os acordos mais bem costurados.
No fim das contas, a federação PP-União em Pernambuco representa mais do que uma junção de siglas. É um movimento tático, ancorado em números, lideranças e cálculo eleitoral. E, como tudo na política, o tempo e as urnas dirão se a união trará votos, vitórias ou apenas discursos afinados.
Por Uanderson Melo, jornalista, radialista e teólogo