
A fé evangélica em Pernambuco nunca esteve tão presente no cálculo político. A Marcha para Jesus, realizada no Recife neste fim de semana, mostrou o tamanho da força desse segmento: multidões reunidas, lideranças religiosas em evidência e, claro, políticos disputando espaço no mesmo palco.
De um lado, João Campos (PSB) marcou presença na Marcha, sorridente, discursando sobre respeito, fé e inclusão. O prefeito sabe que sua imagem de gestor jovem, dialogador e “aberto a todos” precisa transbordar para além do campo progressista. O gesto é simbólico: ao ocupar a Marcha, João tenta colar sua imagem ao povo evangélico de base, aquele que enche ruas e praças em grandes concentrações.
Do outro lado, Raquel Lyra (PSD) tem trabalhado nos bastidores e, em muitos casos, na linha de frente das convenções religiosas. Nos últimos meses, ela foi figura assídua em congressos da Assembleia de Deus e em encontros de juventude evangélica. Mais que uma presença de ocasião, a governadora vem se articulando com lideranças influentes, ouvindo pastores e construindo pontes institucionais. É uma estratégia diferente da de João: menos espetáculo, mais articulação com quem decide a influência nas igrejas.
O fato é que tanto João quanto Raquel sabem que o voto evangélico não é detalhe, é trunfo eleitoral. Em Pernambuco, esse segmento deve representar quase 40% do eleitorado em 2026. E, como se sabe, não basta conquistar apenas os números: trata-se de um eleitorado fortemente mobilizado, capaz de pautar o debate público e interferir diretamente nos rumos da eleição.
Hoje, Raquel parece ter mais peso entre os pastores e as lideranças tradicionais. Já João aposta no contato direto com o povo evangélico, aquele que carrega a Bíblia debaixo do braço e que, em massa, pode fazer diferença no dia da urna. Um, joga na institucionalidade, o outro na popularidade.
O púlpito virou palanque. A disputa pela bênção dos evangélicos já começou e, pelo visto, vai ser uma das batalhas mais acirradas da corrida ao Palácio do Campo das Princesas em 2026.