
Pernambuco começa a esquentar o cenário político rumo a 2026, com a disputa pelo Senado ganhando contornos de uma verdadeira guerra silenciosa. Apesar do foco nacional estar na sucessão presidencial, no estado a tensão gira em torno de apenas duas vagas ao Senado – e oito postulantes já se movimentam intensamente. Enquanto isso, os dois principais nomes cotados para o Governo do Estado, a atual governadora Raquel Lyra (PSD) e o prefeito do Recife João Campos (PSB), seguem em um silêncio calculado sobre os seus possíveis companheiros de chapa. Esse mutismo, longe de ser descuido, é uma jogada política que tem causado ansiedade entre os pré-candidatos ao Senado e embaralhado o tabuleiro político local.
Entre os nomes postos, figuram pesos-pesados da política pernambucana: Miguel Coelho (União Brasil), Marília Arraes (Solidariedade), Eduardo da Fonte (PP), Anderson Ferreira (PL), Fernando Dueire (MDB), Silvio Costa Filho (Republicanos), Humberto Costa (PT) e Gilson Machado (PL). Todos, em maior ou menor grau, já aparecem em articulações, eventos públicos e sobretudo em movimentações nas redes sociais, que se tornaram o principal termômetro das pré-campanhas.
Pesquisas internas e enquetes informais já circulam nos bastidores. Nomes como Marília Arraes, Humberto Costa, Silvio Costa Filho e Miguel Coelho aparecem com maior densidade eleitoral, seja por recall de candidaturas recentes, seja por estarem em cargos com visibilidade. Já nomes como Gilson Machado, Anderson Ferreira e Fernando Dueire enfrentam mais dificuldades para quebrar a bolha e alcançar o eleitor médio. Eduardo da Fonte, embora não lidere nas sondagens, detém uma máquina partidária com forte capilaridade no interior, o que o torna uma peça relevante no tabuleiro.
A polarização entre Raquel e João, embora ainda não oficializada, já norteia a formação de grupos políticos. Raquel, recém-filiada ao PSD, tenta formar um campo de centro-direita mais técnico, de gestão, e buscará ampliar seu arco de alianças com federações e partidos médios. Seu desafio será encontrar um nome para o Senado que una musculatura política e não atrapalhe sua narrativa de renovação. O PSD, inclusive, pode tentar emplacar um nome próprio ou compor com figuras do MDB, Republicanos ou União Brasil.
João Campos, por sua vez, deve manter a tradição de coalizões amplas do PSB, costurando com o PT parceiro histórico, ainda que com atritos pontuais e tentando atrair figuras como Marília Arraes de volta à sua órbita. O prefeito recifense precisa ser estratégico para não inflamar disputas internas em sua base. O PT deseja a vaga de Humberto Costa, mas o crescimento de Marília nas pesquisas pode tornar a decisão uma armadilha política para o PSB.
A indefinição sobre as chapas majoritárias está diretamente ligada a outra peça importante do xadrez político: as federações partidárias. Com o prazo para novas federações se formando no horizonte, tanto João quanto Raquel observam com cautela os movimentos em Brasília. O desenho nacional dessas federações pode influenciar fortemente quem estará apto ou obrigado a caminhar junto em 2026.
Em resumo, o silêncio de Raquel e João é, ao mesmo tempo, uma demonstração de força e uma manobra para evitar desgastes prematuros. Os pré-candidatos ao Senado sabem que, sem a bênção de uma das duas forças que polarizam o estado, suas chances diminuem drasticamente. E, por isso, cada gesto, reunião ou ausência nas agendas dos líderes majoritários será analisado com lupa. Enquanto isso, Pernambuco assiste, ansioso, à construção silenciosa de alianças que definirão o futuro do seu Congresso.