
A convivência humana é marcada por encontros e desencontros de ideias. Divergir não é sinal de fraqueza, mas sim um convite ao amadurecimento. É no choque de pontos de vista que somos impulsionados a refletir, questionar, repensar e, por vezes, transformar a nós mesmos. O mundo não avança pela unanimidade, mas pela pluralidade de vozes que se entrelaçam, ainda que muitas vezes dissonantes.
Quando alguém recusa a escuta e se fecha na rigidez das próprias convicções, o diálogo morre antes mesmo de nascer. E quando essa recusa se transforma em hostilidade, instala-se a semente do ódio. Chegar ao ponto de eliminar o outro apenas porque ele pensa diferente é o ápice da arrogância: a crença absurda de que a verdade pessoal é absoluta e de que a vida alheia vale menos que uma opinião.
Ao longo da história, tragédias nasceram desse veneno. Povos foram destruídos, nações sangraram, famílias se desfizeram — tudo porque alguém acreditou que seu entendimento do mundo era maior do que o direito à vida de outro ser humano. No entanto, a vida nos ensina, pela dor ou pelo amor, que o respeito é o único caminho capaz de sustentar a paz.
Aprendemos que a divergência é, em essência, pedagógica. Ela nos obriga a olhar além das próprias certezas, a exercitar a humildade de reconhecer que não sabemos tudo e que o outro, ainda que pense de forma oposta, pode nos trazer lições preciosas. A vida é uma sala de aula em que os contrastes são recursos didáticos para a evolução do espírito humano.
Respeitar não significa concordar. Respeitar é reconhecer a humanidade do outro, mesmo quando não compreendemos suas escolhas. É admitir que cada consciência está em um grau distinto de entendimento e que, cedo ou tarde, todos caminham para o mesmo destino: o aprendizado do amor.
Por isso, ao nos depararmos com ideias que nos contrariam, em vez de reagirmos com ódio ou desprezo, podemos escolher a serenidade. Em vez de erguer muros, podemos estender pontes. O verdadeiro triunfo não está em convencer, mas em conviver.
No fim, toda intolerância é sinal de imaturidade espiritual. Toda violência é atestado de atraso moral. E todo gesto de respeito, mesmo em meio à divergência, é uma semente de luz plantada no solo do mundo.
Que cada um de nós, diante das diferenças, faça o exercício de calar o impulso da arrogância e ouvir o chamado silencioso da consciência. Pois a vida não nos pede que vençamos debates, mas que vençamos a nós mesmos.
Jairo Lima é escritor e artista plástico