
A Petrobras oficializou, nesta sexta-feira (24), a assinatura de nove contratos que marcam a retomada das obras do Trem 2 da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), localizada em Ipojuca, no Litoral Sul de Pernambuco. O investimento total será de R$ 8,3 bilhões, com previsão de conclusão até 2029, e expectativa de geração de cerca de 30 mil empregos diretos e indiretos durante a execução do projeto.
Com a nova etapa, a refinaria considerada uma das mais modernas do país, dobrará sua capacidade de refino, passando dos atuais 130 mil para 260 mil barris de petróleo por dia, o que permitirá a produção de 13 milhões de litros diários de diesel S10, combustível de baixo teor de enxofre e mais sustentável.
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, destacou que o projeto faz parte da estratégia da estatal de fortalecer a presença industrial no Nordeste e garantir a autossuficiência nacional na produção de combustíveis.
“Com o Trem 2, vamos expandir e diversificar o parque industrial da Petrobras, fortalecendo a capacidade de refino do país e contribuindo para o desenvolvimento regional com foco em sustentabilidade”, afirmou Chambriard.
Empresas contratadas e frentes de trabalho
Os contratos assinados contemplam diferentes frentes de engenharia, montagem eletromecânica, construção civil e fornecimento de materiais. Entre as empresas contratadas estão Consag Engenharia, Tenenge, CPL, Possebon, Tecnosonda e Schneider Electric.
Segundo a Petrobras, as obras já iniciaram a fase de mobilização de equipes e equipamentos, com aproximadamente 2,5 mil trabalhadores atuando nos primeiros canteiros. A refinaria, uma das maiores obras industriais de Pernambuco, prevê ainda a construção de unidades como:
- Unidade de Coqueamento Retardado (UCR), com capacidade de até 75 mil barris/dia;
- Unidade de Hidrotratamento de Diesel (UHDT-D), com cerca de 82 mil barris/dia;
- Unidade de Destilação Atmosférica (UDA), responsável pelo processamento de 130 mil barris/dia.
Desenvolvimento regional e sustentabilidade
A retomada do Trem 2 deve impulsionar a economia pernambucana e de toda a região metropolitana do Recife. A expectativa é de forte movimentação no comércio e no setor de serviços, com impacto direto na geração de emprego e renda.
A refinaria também se destaca pelo uso de tecnologias ambientais avançadas, como o sistema SNOX, que trata gases poluentes (SOₓ e NOₓ) e converte parte deles em ácido sulfúrico, reduzindo a emissão de poluentes e gerando subprodutos úteis à indústria química.
De acordo com especialistas do setor, o projeto fortalece a meta de reduzir a dependência de combustíveis importados e garantir o abastecimento interno de diesel e derivados.
Histórico e desafios
O Trem 2 da Refinaria Abreu e Lima carrega um histórico de interrupções e polêmicas. A obra foi paralisada há quase uma década, durante a Operação Lava Jato, e se tornou símbolo dos altos custos e da falta de transparência nos grandes projetos públicos da Petrobras.
Agora, com a retomada, a estatal busca reconstruir a confiança e o ritmo de execução, sob novas diretrizes de governança e controle. “É uma nova fase, com contratos revisados, mecanismos de fiscalização reforçados e compromisso com a responsabilidade ambiental e social”, informou a companhia em nota.
Impacto para Pernambuco
Para o Estado, o anúncio representa um novo ciclo de oportunidades. A RNEST, localizada em Ipojuca, tem papel estratégico na economia pernambucana e é um dos pilares do Complexo Industrial de Suape.
Além dos empregos diretos, o Trem 2 deve movimentar cadeias de fornecedores locais, pequenos empreendedores e prestadores de serviço, fortalecendo a economia do entorno.
A reativação também tem peso político: o projeto reforça a presença do Governo Federal em Pernambuco, ao mesmo tempo em que impulsiona o debate sobre o papel do estado na matriz energética brasileira.
Com a assinatura dos contratos e o início das obras, a Petrobras volta a colocar Pernambuco no centro de sua estratégia de expansão industrial, prometendo unir crescimento econômico, responsabilidade ambiental e geração de empregos, um movimento aguardado há mais de uma década pela população e pelos trabalhadores da região.



