
Abreu e Lima vive uma de suas fases mais delicadas desde o início da atual gestão. O que já era uma administração marcada por dificuldades em áreas essenciais como saúde, educação e infraestrutura, agora ganha contornos ainda mais graves com o aprofundamento da crise política entre o prefeito Flávio Gadelha (PSB) e seu vice, Murilo do Povo (PL).
Na última segunda-feira (13), Gadelha exonerou os dois últimos assessores ligados a Murilo, concluindo um ciclo de retaliações políticas iniciado desde o rompimento público entre os dois. Murilo, que foi peça-chave na eleição da chapa em 2020, rompeu com o prefeito após divergências quanto à condução da cidade, que sofre com unidades de saúde sem estrutura, escolas com problemas de manutenção e vias urbanas abandonadas.
A crise interna, que já vinha sendo comentada nos bastidores, agora se dá à luz do dia. Murilo tem adotado uma postura mais crítica em relação à gestão, enquanto Gadelha tenta isolar o antigo aliado dentro da estrutura do governo municipal. O que se vê é um clima de instabilidade crescente, que interfere diretamente na governabilidade e no andamento de políticas públicas.
Para completar o cenário, partidos da base de Gadelha estão deixando o governo. O ex-prefeito Jerônimo Gadelha, três vezes chefe do Executivo municipal, assumiu recentemente o comando do PDT em Abreu e Lima e declarou apoio à pré-candidatura de Dr. Marquinhos (PSDB). Além disso, o PSD também abandonou a base do governo, fortalecendo o campo de oposição.
Enquanto o prefeito se ocupa em administrar disputas internas e blindar sua gestão politicamente, a população enfrenta uma dura realidade. O sentimento nas ruas é de frustração e abandono. A cidade, que já vinha pedindo socorro, agora parece à deriva.
O clima é de desgaste generalizado, e a pergunta que ecoa entre lideranças políticas e moradores é: até quando Abreu e Lima será refém de disputas pessoais em vez de ter uma gestão comprometida com o futuro da cidade?
O cenário para 2026 começa a ser desenhado em meio a escombros administrativos e alianças desfeitas. Se não houver uma guinada urgente no rumo da política local, a cidade corre o risco de entrar num colapso institucional, com reflexos diretos na vida de milhares de abreu-limenses.