
A prisão do ex-ministro do Turismo e ex-candidato ao Senado, Gilson Machado Neto, nesta sexta-feira (13 de junho), reacende uma discussão cada vez mais presente no debate político nacional: a atuação seletiva do Judiciário, especialmente no que se refere a figuras ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Gilson, conhecido por seu alinhamento ao bolsonarismo e por sua presença constante nos debates públicos, foi detido em mais uma operação que mira o campo conservador, em um contexto que tem se repetido com frequência preocupante: ações intensas contra políticos e apoiadores de direita, enquanto figuras ligadas à esquerda seguem praticamente intocadas diante de denúncias e escândalos que também mereceriam atenção judicial.
Nos bastidores, aliados de Machado denunciam uma perseguição política institucionalizada, disfarçada de operação jurídica. O argumento ganha força diante de exemplos recentes: operações de busca, prisões preventivas, bloqueios de bens e medidas coercitivas têm sido aplicadas com frequência a bolsonaristas, muitas vezes sem condenação transitada em julgado ou provas consistentes divulgadas à opinião pública.
Enquanto isso, personagens da esquerda política, mesmo diante de fatos documentados e amplamente noticiados, seguem protegidos pela morosidade ou pela omissão do mesmo sistema judicial que atua com mão de ferro contra seus opositores.
O contraste é flagrante e tem minado a confiança de parte significativa da população nas instituições. O antigo ditado popular “o mesmo pau que dá em Chico tem que dar em Francisco” parece ignorado por um Judiciário que deveria atuar com isenção, equilíbrio e respeito aos princípios constitucionais da imparcialidade e da ampla defesa.
Mais do que a prisão de Gilson Machado em si, o que preocupa é o contexto em que ela se insere. Num ambiente político polarizado, onde o Judiciário se projeta como ator protagonista, não há democracia sólida quando a justiça perde o equilíbrio e passa a agir como instrumento de um lado contra o outro.
A liberdade de expressão, o direito à divergência ideológica e o devido processo legal não são garantias apenas para um grupo, são pilares do Estado Democrático de Direito. Quando esses fundamentos são ameaçados ou desrespeitados, toda a sociedade paga o preço.
Por: Uanderson Melo, jornalista, radialista e teólogo