Por Jairo Lima
Em tempos de eleição, a decisão do eleitor se torna o elemento mais importante para o futuro de uma cidade. Porém, o que muitas vezes passa despercebido é a profunda implicação de um voto vendido ou trocado por favores. Quando um eleitor opta por essa prática, ele não está apenas comprometendo o seu voto, mas também o futuro de sua comunidade e o seu próprio bem-estar durante os próximos quatro anos.
A venda do voto transforma o poder do cidadão em uma simples mercadoria. O voto, que deveria ser a expressão máxima de cidadania e de escolha consciente, perde seu valor real. Quando um candidato compra um voto, ele compra também a liberdade do eleitor de cobrar, questionar e exigir. A partir do momento em que o voto é vendido, o compromisso do candidato se torna nulo; o que conta para ele é a garantia do poder que o dinheiro pode comprar, e não as reais necessidades da população que ele deveria representar.
Cabe ao eleitor decidir: quer um político por quatro anos ou um político a cada quatro anos? Um político por quatro anos é aquele que está comprometido com seu papel de servidor público durante todo o mandato. Ele se faz presente na vida da comunidade, escuta as necessidades da população, presta contas de suas ações e busca soluções para os problemas que surgem. Esse tipo de político é escolhido com base em um voto consciente, que leva em conta a capacidade e o compromisso do candidato com o bem-estar coletivo.
Por outro lado, um político a cada quatro anos é aquele que aparece apenas no período eleitoral, prometendo mundos e fundos, mas que, na prática, se mantém distante da realidade da comunidade que deveria representar. Esse é o político que compra votos, que troca favores por apoio e que, após a eleição, se afasta dos eleitores, agindo apenas de acordo com seus interesses pessoais ou de grupos específicos.
Quando o voto se torna uma mercadoria, o eleitor abre mão do seu poder de escolha e de transformação. Ele entrega nas mãos de um político oportunista a chance de mudar a sua própria realidade e a de seus vizinhos. E, pior, abdica do direito de cobrar, de exigir e de questionar. Em vez disso, o eleitor deveria usar seu voto como uma ferramenta de mudança, escolhendo candidatos comprometidos com as reais necessidades de sua comunidade.
O voto consciente é a chave para garantir que o político eleito estará ao lado do povo durante todo o seu mandato. É a única forma de assegurar que os interesses coletivos sejam priorizados em vez dos interesses pessoais de quem compra votos. E é o caminho para uma política mais justa, transparente e próxima das necessidades da população.
Portanto, na próxima eleição, é fundamental refletir sobre o poder do voto. Queremos um político que está presente e comprometido durante todo o mandato ou alguém que só aparece a cada quatro anos, no período eleitoral? Essa decisão está nas mãos de cada eleitor. É uma escolha que vai muito além de um benefício imediato; é uma escolha sobre o futuro de nossa comunidade, nossa cidade e nosso próprio papel enquanto cidadãos. Vender o voto é vender também o futuro. E a pergunta que fica é: estamos dispostos a pagar esse preço?
Jairo Lima é membro da Academia Cabense de Letras, artista e gestor público