
Quando União Brasil e Progressistas anunciaram, em agosto, a criação da maior federação partidária do país, não foi apenas mais um movimento eleitoral, foi um choque de placas tectônicas no mapa político nacional. Com 109 deputados federais, 15 senadores e quase R$ 1 bilhão em fundo eleitoral, a chamada União Progressista entra no jogo de 2026 com poder real para influenciar o resultado das urnas e remodelar o tabuleiro da centro-direita brasileira.
O passo seguinte foi ainda mais ousado: desembarcar do governo Lula e assumir abertamente um posicionamento de oposição, mirando protagonismo e buscando liderar as articulações para derrotar o petista nas urnas no próximo ano. É uma aposta alta e cheia de riscos.
Mas se no plano nacional a superfederação parece clara em seu objetivo, nos estados, inclusive Pernambuco, o desafio é bem mais complexo.
A força dessa federação está evidente: tempo de TV, estrutura, dinheiro e presença nacional. Porém, o tamanho do bloco cria um efeito colateral inevitável a necessidade de conciliar interesses regionais distintos, por vezes conflitantes.
A centro-direita tenta se reorganizar, mas ainda não há consenso interno nem mesmo sobre quem será o candidato presidencial. Ronaldo Caiado já se lançou, sim, mas não levou com ele o aval unificado da federação. Se a escolha do cabeça de chapa já divide, imagine o impacto disso nos estados.
Em Pernambuco, União Brasil e Progressistas agora encaram um teste de maturidade política. Com o novo peso nacional, cresce a responsabilidade, e a cobrança sobre seus líderes locais.
Uma coisa é clara: ninguém poderá atuar como se estivesse em um partido isolado. A disciplina e a capacidade de diálogo serão cruciais. As decisões não serão feitas apenas olhando o Recife; haverá telefonemas de Brasília, reuniões estratégicas e alinhamentos internos que definirão o rumo de candidaturas majoritárias e proporcionais.
E aqui surgem as perguntas que ecoam pelos bastidores:
- Quem será o rosto da federação no Estado?
- Como acomodar interesses e ambições de duas estruturas históricas?
- Como evitar fugas na janela partidária caso alguns atores se sintam preteridos?
Os líderes estaduais precisarão provar habilidade para negociar, construir consenso e proteger suas bases locais, sem se submetê-las completamente ao centro de gravidade de Brasília.
A superfederação pode ser um motor de crescimento político em Pernambuco, oferecendo estrutura para nomes competitivos e fortalecendo projetos locais. Porém, se mal conduzida, também pode virar palco de disputas internas e até provocar esvaziamento.
É o tipo de movimento que transforma carreiras e redesenha alianças, para o bem ou para o mal.
Em resumo, União Brasil e Progressistas agora carregam a missão, e o peso, de provar que um bloco gigante pode ser também eficiente e alinhado. A conta não será simples. Pernambuco será um laboratório dessa nova fase da política nacional: a unidade será testada diariamente, e quem souber articular sairá maior de 2026.
Por: Uanderson Mleo




