Os violentos confrontos entre torcidas organizadas do Santa Cruz e do Sport, ocorridos no último sábado, 1º de fevereiro, antes do clássico entre os clubes, chocaram Pernambuco e deixaram a população em estado de medo e perplexidade. As cenas de verdadeiro terror, que se espalharam pelas ruas da capital e em outras cidades, expuseram não apenas o comportamento violento de facções travestidas de torcedores, mas, principalmente, a incapacidade administrativa do Governo Raquel Lyra em garantir a segurança pública.
O mais alarmante é que tais confrontos já eram previsíveis. Marcados abertamente pelas redes sociais, os encontros dessas gangues organizadas eram de conhecimento não apenas da população, mas também das autoridades competentes. Mesmo assim, o aparato de segurança pública falhou de forma clamorosa em evitar o caos. O resultado foi uma sequência de cenas estarrecedoras que evidenciam negligência e falta de planejamento por parte do Governo do Estado.
Em uma tentativa apressada de oferecer uma resposta à sociedade, o Governo de Pernambuco impôs uma punição que beira o absurdo: cinco jogos sem público para ambos os clubes. Uma decisão que penaliza injustamente as instituições esportivas, que não tiveram qualquer responsabilidade direta pelos atos de violência. As brigas ocorreram longe do Estádio do Arruda, fora dos arredores do estádio e, certamente, fora da jurisdição dos clubes. Foram confrontos nas ruas, em pontos conhecidos de encontros dessas facções, que deveriam ter sido monitorados e prevenidos pelo sistema de segurança pública.
O Secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, contribuiu para o descrédito da gestão com declarações que expõem a fragilidade da administração da segurança no estado. Ao afirmar que “não há condições para que jogos sejam com torcida“, o Secretário admite, de forma velada, que o Estado está refém da criminalidade e incapaz de garantir o direito básico à segurança dos cidadãos. Mais alarmante ainda foi a declaração de que “não houve falha no policiamento“. Tal afirmação não apenas desconsidera o caos vivenciado, mas também tenta isentar o Estado de uma responsabilidade que é intransferível.
O fracasso da segurança pública em Pernambuco é uma realidade inegável, e o Governo Raquel Lyra não pode continuar se escondendo por trás de discursos desconectados da realidade. A população merece mais do que respostas rápidas e ineficazes; merece ações concretas que garantam a paz e a segurança nas ruas, nos estádios e em todos os espaços públicos. O Estado deve assumir sua responsabilidade e agir com a competência que o povo pernambucano exige e merece.
Por: Uanderson Melo, jornalista, radialista e teólogo