
A identidade cultural de um município vai além do turismo e do desenvolvimento econômico; ela é a alma da cidade, moldada pelas tradições, pela memória coletiva e pelo sentimento de pertencimento dos cidadãos. Uma comunidade que reconhece e valoriza sua cultura fortalece seus laços sociais e constrói um ambiente onde as pessoas se sentem parte ativa da história local. Esse vínculo é essencial para a qualidade de vida e a coesão social, pois quando os moradores se identificam com sua cidade, tornam-se agentes de sua preservação e evolução.
Olhando para exemplos emblemáticos, Olinda se destaca como a maior referência do Carnaval de rua do Brasil. Seu frevo vibrante, bonecos gigantes e blocos organizados pela própria população fazem da festa uma celebração autêntica da identidade olindense. Mais do que um atrativo turístico, o Carnaval fortalece o orgulho local e reforça a ideia de que a cidade pertence ao seu povo. Em Brejo da Madre de Deus, a encenação da Paixão de Cristo no Teatro de Nova Jerusalém transformou a cultura local em um espetáculo de alcance nacional. O envolvimento da comunidade na produção do evento fortalece a identidade dos moradores, que se reconhecem na grandiosidade da tradição. Já em Nazaré da Mata, o ex-prefeito Jaime Correia soube transformar o Maracatu de Baque Solto em símbolo da cidade. O incentivo à cultura popular não só consolidou a cidade como referência nessa manifestação, mas também reforçou o sentimento de pertencimento da população ao seu território.
Esses exemplos mostram que a identidade cultural de um município não deve ser tratada apenas como um fator econômico, mas como um alicerce para a construção da cidadania. Políticas públicas que valorizam a cultura local garantem a preservação das tradições e criam oportunidades para a juventude, além de fomentar o orgulho e a valorização do território. Quando um cidadão se reconhece na história e nas expressões culturais de sua cidade, ele se torna parte ativa da sua preservação e desenvolvimento. Assim, investir na identidade cultural não é apenas uma questão de turismo ou economia, mas uma necessidade para garantir que a cidade tenha um futuro vibrante e autêntico..
Jairo Lima é membro da Academia Cabense de Letras, artista plástico e pós-graduado em gestão pública