
A gestão pública enfrenta desafios significativos ao abordar a saúde mental e a educação nas escolas, especialmente no que tange ao desenvolvimento da inteligência emocional entre os jovens. A atual geração demonstra dificuldades em lidar com a realidade, conflitos e desafios, muitas vezes devido à falta de habilidades socioemocionais. Essa lacuna é agravada pelo despreparo de pais e pela insuficiente compreensão das políticas educacionais sobre a importância dessa temática.
A inteligência emocional refere-se à capacidade de reconhecer, compreender e gerenciar as próprias emoções, bem como de entender e influenciar as emoções dos outros. No contexto educacional, desenvolver essas habilidades é crucial para que os alunos aprendam a lidar com desafios, frustrações e interações sociais de maneira saudável. Estudos indicam que a educação socioemocional contribui para a melhoria do desempenho acadêmico, redução de comportamentos agressivos e aumento da autoestima dos estudantes.
Os pais desempenham um papel fundamental no desenvolvimento emocional dos filhos. No entanto, muitos não possuem o preparo necessário para orientar adequadamente nesse aspecto. A falta de inteligência emocional dos pais pode afetar negativamente o desenvolvimento das crianças, uma vez que elas tendem a replicar comportamentos observados em casa. Portanto, é essencial que os pais busquem aprimorar suas próprias habilidades emocionais para servir de modelo positivo.
Embora a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) reconheça a importância das competências socioemocionais, sua implementação nas escolas públicas e privadas ainda é limitada. Muitas instituições de ensino não incorporam de forma efetiva programas que promovam a inteligência emocional, tratando-a como secundária na formação dos alunos. Essa negligência resulta em jovens despreparados para enfrentar os desafios emocionais da vida adulta.
A carência de habilidades emocionais pode levar a diversos problemas, como dificuldade em lidar com frustrações, baixa resiliência, comportamentos agressivos e problemas de saúde mental, incluindo ansiedade e depressão. Além disso, essa deficiência impacta negativamente o desempenho acadêmico e as relações interpessoais dos estudantes.
Essa falta de preparo emocional também se reflete no campo profissional e no mercado de trabalho. Empresas buscam cada vez mais profissionais que saibam lidar com desafios, manter o equilíbrio emocional sob pressão e trabalhar em equipe de maneira eficiente. A inteligência emocional é apontada por especialistas como um diferencial competitivo essencial para o sucesso profissional, muitas vezes tão importante quanto as habilidades técnicas. Profissionais que sabem gerir suas emoções, manter um bom relacionamento interpessoal e resolver conflitos de forma assertiva se destacam e têm mais chances de ascensão na carreira.
No entanto, a ausência de uma formação adequada para o desenvolvimento dessas competências tem gerado uma mão de obra despreparada para lidar com as exigências do mercado. Muitos jovens ingressam no mundo profissional sem saber administrar frustrações, enfrentar desafios ou trabalhar sob pressão, o que impacta sua produtividade e estabilidade nas empresas. Além disso, a falta de inteligência emocional pode comprometer a capacidade de liderança e inovação, características fundamentais para um mercado cada vez mais dinâmico e competitivo.
Para enfrentar esses desafios, é necessário que a gestão pública adote medidas que integrem a inteligência emocional no sistema educacional, tanto publico, como privado. A formação de educadores deve ser uma prioridade, promovendo capacitações para que professores estejam aptos a trabalhar competências socioemocionais em sala de aula.
Também é fundamental o desenvolvimento de programas que auxiliem os pais a aprimorar suas habilidades emocionais, permitindo que apoiem efetivamente o desenvolvimento dos filhos. Os currículos escolares precisam ser revisados e adaptados para incluir, de maneira efetiva, atividades e conteúdos que promovam a inteligência emocional. Além disso, a implementação de políticas que priorizem a saúde mental nas escolas, oferecendo suporte psicológico e criando ambientes que promovam o bem-estar emocional dos estudantes, deve ser uma meta da gestão pública.
Ao adotar essas medidas, a gestão pública contribuirá para a formação de indivíduos mais resilientes, capazes de enfrentar os desafios da vida com equilíbrio emocional, resultando em uma sociedade mais saudável e preparada para o futuro. O impacto positivo dessa abordagem será sentido não apenas no ambiente escolar, mas também no campo profissional, garantindo uma geração mais preparada para o mercado de trabalho e para a vida em sociedade.
Jairo Lima é membro da Academia Cabense de Letras, artista plástico e pós-graduado em gestão pública