Em meio a celebração da chegada de um terminal de cargas privado no Porto de Suape, operado pela empresa dinamarquesa Maersk, os trabalhadores portuários estão apreensivos com a falta de diálogo e a indefinição de como será a contratação de mão de obra para o novo terminal. Isso porque, no caso da operação privada, não existe a obrigatoriedade da contratação de mão de obra avulsa para as operações portuárias através do Órgão Gestor de Mão de Obra (OGMO).
Para Josias Santiago, presidente do Sindicato dos Estivadores de Pernambuco (SINDESTIVA/PE), o momento é de apreensão. “Esse deveria ser um momento de celebração para nós. Mas o sentimento é contrário. Precisamos de uma garantia em relação aos trabalhadores. Já temos uma decisão do Tribunal Superior do Trabalho reconhecendo que, dentro ou fora da área de porto organizado, a mão de obra deve ser a dos trabalhadores avulsos, registrados no OGMO, ratificando a Convenção 137 e recomendação 145 da OIT. Precisamos que essa decisão seja assegurada”, frisou.
O presidente ainda destacou que a nova operação comercial vai impactar toda cadeia produtiva que hoje funciona em Suape. “As pessoas escondem que o terminal da Maesrk vai operar sem as obrigações do porto organizado, em ampla vantagem comercial com quem opera hoje, do pequeno ao grande. Nessa briga é o trabalhador que vai pagar a conta. Vamos ficar sem cargas de um lado e sem empregos do outro”, pontuou.
Josias ainda ressaltou que é o atual momento pede diálogo entre os envolvidos. “É preciso que os postos de trabalho sejam preservados. O diálogo entre as entidades sindicais e a representação do setor econômico é fundamental. O governo de Pernambuco precisa assumir a sua responsabilidade, de forma a estabelecer garantias e dialogar com os diversos setores produtivos que serão afetados”, finalizou.